Usina de Santo Antônio: primeira usina do Rio Madeira entra em operação na segunda quinzena de dezembro
Da Redação
Publicado em 4 de dezembro de 2011 às 14h56.
Brasília - Pouco mais de três anos depois do início da construção, a Usina Hidrelétrica Santo Antônio, no Rio Madeira (RO), vai começar a gerar energia na segunda quinzena deste mês. A primeira das 44 turbinas será acionada em um evento que deverá contar com a presença da presidenta Dilma Rousseff.
A empresa Santo Antônio Energia, responsável pela obra, não confirma a data do início do funcionamento da hidrelétrica, mas garante que será ainda este mês. O último balanço do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), apresentado recentemente, prevê que o empreendimento vai começar a operar no dia 20 de dezembro. Os detalhes do evento e do início da geração comercial da primeira unidade geradora também não foram divulgados.
Cada uma das 44 turbinas do empreendimento tem cerca de 8 metros de diâmetro, aproximadamente mil toneladas e uma potência média de 72 megawatts (MW). Segundo a empresa, a energia gerada em cada turbina é suficiente para abastecer até 350 mil residências. As demais turbinas devem entrar em funcionamento gradualmente até 2015.
A usina começa a gerar energia um ano antes do que estava previsto no cronograma inicial da obra. No leilão da hidrelétrica, realizado em 2007, a previsão era de que a operação começasse em dezembro de 2012. Segundo a Santo Antônio Energia, a antecipação deverá possibilitar a geração de mais 10,5 mil gigawatts-hora, e teve um investimento extra de R$ 150 milhões.
Para o coordenador do Grupo de Estudos do Setor Elétrico (Gesel) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Nivalde de Castro, o início da operação de Santo Antônio é um marco histórico para o setor elétrico brasileiro porque é o primeiro dos grandes empreendimentos previstos para a região amazônica, que terá outras hidrelétricas como Jirau, também no Rio Madeira, e Belo Monte, no Rio Xingu (PA).
“Para o Brasil é muito importante, porque com toda a perspectiva de crescimento econômico do país, vamos precisar de muita energia elétrica. E, diferentemente de outros países como a China e Índia, onde a demanda é atendida por fontes poluidoras, o Brasil está conseguindo atender à demanda de energia elétrica com fontes limpas, renováveis e a custos muito competitivos”.
O Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) avalia que a usina vai começar a produzir energia sem que a totalidade das demandas da população atingida pela obra tenha sido contemplada. O coordenador estadual da entidade, Océlio Muniz, diz que existem pendências de infraestrutura e que muitas famílias que foram deslocadas para reassentamentos construídos pela empresa ainda não têm geração de renda garantida. “É preciso se atentar ao processo de reorganização da atividade produtiva das famílias. E o enchimento do lago [reservatório] agora cumpre uma etapa da obra, mas não cumpre uma demanda específica das famílias que esperam esse atendimento”.
A Usina Santo Antônio terá capacidade instalada de 3.150 megawatts e é operada pelo consórcio Santo Antônio Energia, formado pela Andrade Gutierrez, Furnas Eletrobras, Cemig, Odebrecht e Banif. Junto com a Usina Hidrelétrica Jirau, Santo Antônio forma o Complexo Hidrelétrico do Rio Madeira, um dos principais empreendimentos energéticos do PAC.