Estátua de Salvador Allende: investigação procura esclarecer se o ex-presidente chileno cometeu suicídio ou se foi executado no golpe de Estado de Pinochet (Richard Espinoza/Wikimedia Commons)
Da Redação
Publicado em 23 de maio de 2011 às 14h24.
Brasília – A primeira etapa do processo de investigação sobre a morte de Salvador Allende, ex-presidente do Chile (1970-1973), vai levar de cinco a seis dias. Só depois dessa fase é que os especialistas definirão a data para a divulgação dos resultados das apurações. Depois da exumação, feita hoje (23) no mausoléu da família no Cemitério Geral de Santiago, serão feitas análises de antropologia e exames de sangue.
A equipe de peritos reúne 11 profissionais de várias áreas, como médicos, antropólogos e biológos, entre outros, sob o comando do Ministério Público e do Serviço Médico-Legal. A ação será acompanhada pela família Allende. A retirada do caixão de Allende foi feita durante uma cerimônia nesta manhã – das 7h30 às 8h40. O caixão estava coberto pela bandeira nacional do Chile.
É a segunda vez que o corpo de Allende é exumado no Chile, a primeira foi em 1990 para receber as honras de chefe de Estado. Porém, é a primeira vez que a Justiça chilena abre um inquérito para investigar as circunstâncias da morte do ex-presidente - último chefe de Estado democraticamente eleito no país antes do golpe militar de 1973.
Para a família Allende, o ex-presidente se suicidou. “O presidente Allende decidiu pelo gesto de morrer por uma questão de coerência política”, disse a senadora Isabel Allende, filha do ex-presidente. “[Apoiamos esta exumação] com a esperança de que os resultados [dos exames] acabem com todas as dúvidas.”
Na sociedade chilena há dúvidas sobre a causa da morte de Allende. Oficialmente, a informação é que ele se matou. Allende morreu há quase 38 anos. O pedido de abertura de inquérito foi feito por Beatriz Pedrals, da Justiça Fiscal, e as investigações serão comandadas pelo representante do Ministério Público do Chile, ministro Mario Carroza.
Allende morreu em 11 de setembro de 1973, quando as forças do general Augusto Pinochet invadiram a sede do governo, o Palácio de La Moneda, onde estava o então presidente. Durante o golpe militar, a informação divulgada sobre a morte de Allende era que ele se matou com um tiro.
O caso do ex-presidente está entre 726 processos envolvendo vítimas de violação de direitos humanos durante o período militar no Chile – de 1973 a 1990. A ditadura do ex-presidente Augusto Pinochet é considerada por historiadores uma das mais violentas da América Latina.
As informações são da rede estatal de televisão do país, a TVN.