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Pressionado pelos EUA, Brasil deixa de intermediar acordo com Irã, diz FT

O jornal britânico Financial Times traz reportagem nesta segunda-feira com forte declaração de Amorim sobre o governo Obama

Celso Amorim admitiu que Brasil queimou os dedos ao tentar ser mediador do programa nuclear iraniano. (.)

Celso Amorim admitiu que Brasil queimou os dedos ao tentar ser mediador do programa nuclear iraniano. (.)

Diogo Max

Diogo Max

Publicado em 21 de junho de 2010 às 08h52.

São Paulo - O Brasil resolveu evitar a criação de mais polêmicas com o governo americano e está deixando de ser o mediador do acordo firmado com o Irã sobre seu programa nuclear. A informação foi divulgada nesta segunda-feira, em reportagem do jornal britânico Financial Times, que traz uma forte afirmação do ministro Celso Amorim sobre a questão diplomática que tem causado atritos entre os presidentes Lula e Barack Obama.

"Nós queimamos nossos dedos, fazendo coisas que todo mundo disse que eram úteis e no final descobrimos que algumas pessoas não poderiam ter 'sim' como resposta", disse Celso Amorim, em referência a Washington. "Se formos obrigados (a negociar de novo), talvez a gente ainda possa ser útil. Mas não vamos voltar de forma pró-ativa, a não ser que sejamos obrigados", acrescentou o ministro. 

Ao Financial Times, uma fonte da Casa Branca disse que as declarações de Amorim foram bem recebidas pelo governo Obama, que aproveitou para minimizar as ações diplomáticas dos governos brasileiro e turco. "Não vejo o Brasil ou a Turquia como mediadores dessa questão", disse a fonte. "Eles votaram contra as sanções e, portanto, realmente não estão numa posição neutra", disparou.

A fonte da Casa Branca ainda afirmou que futuras negociações com Teerã deverão ser conduzidas pelas potências com assento permanente no Conselho de Segurança da ONU. A The Economist desta semana publicou reportagem afirmando que o Brasil perdeu as chances de garantir seu assento permanente no Conselho ao dar apoio ao Irã.

O Financial Times também afirma que, apesar da crise com o programa nuclear iraniano, Brasil e EUA estão tentando contornar suas dificuldades na política externa. E cita o fato de o governo Lula, mesmo respaldado pela Organização Mundial do Comércio, não ter prosseguido com a retaliação contra os Estados Unidos sobre os subsídios ao algodão norte-americano.

Acordo nuclear
Fechado no final de maio deste ano, o acordo nuclear assinado entre Brasil, Irã e Turquia deveria ser iniciado em até um ano. Entre outros aspectos, ele previa que o urânio iraniano levemente enriquecido seria enviado para a Turquia, de onde seria devolvido a Teerã enriquecido a 20% e contaria com supervisão de inspetores turcos e iranianos. 

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