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Presos mantêm 57 guardas e policiais reféns no Equador

Agentes penitenciários estão retidos em seis centros de privação de liberdade, diz entidade reguladora das penitenciárias (Snai)

Este incidente seria uma resposta dos grupos criminosos às intervenções da força policial nos centros penitenciários do país (Rodrigo BUENDIA/Getty Images)

Este incidente seria uma resposta dos grupos criminosos às intervenções da força policial nos centros penitenciários do país (Rodrigo BUENDIA/Getty Images)

Estadão Conteúdo
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Agência de notícias

Publicado em 1 de setembro de 2023 às 08h36.

Última atualização em 1 de setembro de 2023 às 08h41.

Presos de seis presídios do Equador mantêm 57 guardas penitenciários e policiais retidos em protesto contra operações de segurança da força policial nas prisões, informou na quinta-feira, 31, a entidade reguladora das penitenciárias (Snai).

Em meio a um dia violento devido às explosões de dois carros-bomba em Quito, a entidade afirmou em comunicado que sete policiais e 50 agentes penitenciários "estão retidos em seis centros de privação de liberdade", sem entrar em mais detalhes.

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Mais cedo, o ministro do Interior, Juan Zapata, havia declarado que todos os guardas estavam retidos na prisão de Cuenca, onde os detentos protestam desde quarta-feira (30) devido à pressão policial.

"Este incidente seria uma resposta dos grupos criminosos às intervenções da força policial nos centros penitenciários do país, cujo propósito é a apreensão de objetos proibidos que são usados em atos violentos", informou o Snai.

Operação

Na quarta-feira, centenas de soldados e policiais realizaram uma operação de busca por armas, munições e explosivos em uma prisão na cidade andina de Latacunga, no sul do Equador, uma das principais do país e cenário de frequentes massacres entre detentos que causaram mais de 430 mortes desde 2021.

As hipóteses sobre os reféns têm mudado ao longo do dia. Inicialmente, o órgão estatal responsável pelas prisões (Snai) afirmou que se tratava de uma retaliação pela "intervenção" das forças de segurança. Posteriormente, as autoridades indicaram que a retenção é um protesto contra a transferência de detentos para outras prisões.

"Estamos preocupados pela segurança de nossos funcionários", disse Zapata durante uma coletiva de imprensa em Quito.

De acordo com o Snai, "Uma série de ações estão sendo tomadas para recolocar a ordem no sistema penitenciário" com o apoio de militares e policiais.

Gangues ligadas ao tráfico de drogas travam uma guerra pelo poder e usam as prisões como centros de operações. Diante dos confrontos violentos entre as organizações aliadas a cartéis mexicanos e colombianos nas prisões, o presidente Guillermo Lasso decretou em 24 de julho o estado de exceção em todo o sistema penitenciário por 60 dias, o que permite a presença militar nas prisões.

Após transferência de presos, cartéis explodem carros-bomba em Quito

Grupos armados ligados a cartéis de narcotraficantes explodiram ao menos quatro carros-bomba na madrugada desta quinta-feira, 31 no Equador. Os ataques ocorreram em Quito e em locais próximos da fronteira com o Peru - ninguém ficou ferido.

Segundo a polícia, os atentados foram uma retaliação à decisão do governo de transferir líderes de facções criminosas de presídios.

Os atentados ocorrem três semanas depois da morte do candidato à presidência Fernando Villavicencio e em meio à campanha do segundo turno das eleições presidenciais, entre a esquerdista Luisa Gonzalez e o conservador Daniel Noboa, marcado para 15 de outubro.

As explosões aumentaram a preocupação nas ruas de Quito. Primeiro, porque a cidade nunca tinha registrado a explosão de um carro-bomba. Depois, porque a capital vinha sendo poupada da maior parte da violência dos cartéis, concentrada em cidades portuárias como Guayaquil e Esmeraldas.

Segurança em risco

Em janeiro de 2018, um carro-bomba explodiu em frente a uma delegacia de polícia na cidade equatoriana de San Lorenzo, na fronteira com a Colômbia, deixando 28 feridos - todos sem gravidade.

Segundo analistas, a noite de terror vivida em Quito é um exemplo do caráter frágil da atual política de segurança pública equatoriana, às voltas com o aumento da criminalidade e da onda de violência entre narcotraficantes nos últimos anos.

O primeiro carro-bomba explodiu na madrugada de ontem em Quito, diante do antigo prédio da agência prisional do Equador. O veículo usado na explosão estava cheio de cilindros de gás. O segundo a ser detonado foi uma caminhonete, cujo teto voou mais de 10 metros e caiu sobre um edifício ao lado.

Penitenciárias

A agência prisional, conhecida como Serviço Nacional de Atenção às Pessoas Privadas de Liberdade, perdeu nos últimos anos o controle de grandes penitenciárias, que têm sido palco de tumultos violentos que resultaram, desde 2021, em 430 mortes. Com isso, o governo tem optado por transferir presos para evitar disputas entre gangues dentro das cadeias, o que tem desagradado à liderança das organizações criminosas.

Segundo o diretor da Polícia Nacional do Equador, Pablo Ramírez, seus agentes encontraram cilindros de gás, combustível, fusíveis e blocos de dinamite entre os escombros das cenas do crime em Quito. Outras três granadas foram desativadas em diferentes bairros da capital.

Ainda de acordo com a polícia, tanques de gás também foram usados em outras duas explosões, em Casacay e Bella India, na Província de El Oro. O prefeito de Quito, Pabel Muñoz, disse à emissora de TV Teleamazonas que espera "que a Justiça atue com rapidez, honestidade e força".

Seis pessoas, incluindo um colombiano, foram detidas a cerca de 5 quilômetros do local de um dos ataques, segundo Ramírez. Eles têm antecedentes por extorsão, roubo, homicídio e estariam supostamente ligados ao ataque. "Três deles foram presos há 15 dias por roubo de caminhão e sequestro para extorsão em diversos pontos da cidade, mas foram liberados", disse o general.

Intimidação

Embora os assassinatos, sequestros e extorsões se multipliquem no Equador, ataques com carros-bomba mostram que a violência atingiu um novo patamar no país. "Querem intimidar o Estado para nos impedir de continuar a cumprir o papel que as Forças Armadas e a polícia têm no controle das prisões", disse ontem o ministro da Segurança, Wagner Bravo, à rádio FM Mundo.

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