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Presidentes da Unasul se reúnem em período de mudanças na região

Objetivo da reunião é dar um rumo ao órgão como entidade com vida legal

Figura do presidente Lula deve pesar na reunião da Unasul (AGÊNCIA BRASIL)

Figura do presidente Lula deve pesar na reunião da Unasul (AGÊNCIA BRASIL)

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Da Redação

Publicado em 25 de novembro de 2010 às 06h14.

Quito - Em sua cúpula de quinta e sexta-feira na Guiana, os presidentes da União de Nações Sul-Americanas (Unasul) pretendem definir o rumo do órgão como entidade com vida legal, algo que estão a ponto de conseguir, e escolher um novo secretário-geral.

O encontro da Unasul, criada em maio de 2008, acontece em um momento de mudança na dinâmica geopolítica da América do Sul, onde a influente figura do presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, passará, no mínimo, à penumbra.

Ao mesmo tempo, o presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, demonstrou muito mais interesse nas relações regionais que seu antecessor, Álvaro Uribe, e os problemas internos do líder venezuelano, Hugo Chávez, diminuíram sua energia para estender sua influência aos países da zona, segundo os analistas.

Com tudo isso, se abre um novo horizonte na interação política da região, que se refletirá na cúpula presidencial da Unasul, na quinta e sexta-feira, em Georgetown, na qual o Equador passará a Presidência temporária do grupo para a Guiana.

Na reunião, serão distribuídas ainda vagas nos diversos conselhos ministeriais, que pela primeira vez não serão exclusivas do país que exerce a Presidência.

Os cargos ganham peso com o aumento gradual da relevância da própria organização, cujas conquistas principais foram a redução das tensões entre Venezuela e Colômbia, a mediação política na Bolívia e a rápida condenação ao recente levante no Equador.

"As coisas são solucionadas mais rápido agora que há conversas diretas entre presidentes, que é só chamar por telefone e definir as coisas. Antes era impossível", disse à Agência Efe Kintto Lucas, o vice-chanceler do Equador.

Apesar disso, a organização ainda não existe legalmente. Não pôde abrir uma conta bancária conjunta para enviar ajuda contra a cólera ao Haiti, tampouco possui edifício, nem tem empregados.

Seu "nascimento" jurídico, porém, está próximo, já que só falta mais um país para ratificar sua carta magna.

A nona assinatura no tratado provavelmente será a do Uruguai, o que se espera que ocorra "nas próximas semanas", segundo Lucas, que nasceu no país platino.

A Colômbia previsivelmente fará o mesmo no final do ano ou no início de 2011, ficando pendentes Brasil e Paraguai.

Alcançar a vida legal é um passo importante para dar crédito à Unasul como o principal fórum de resolução de conflitos na região e um motor para a integração sul-americana, de acordo com os analistas.

"A questão é se irá se institucionalizar e consolidar como a União Europeia ou se será uma plataforma política para responder a situações diferentes", disse em entrevista telefônica Michael Shifter, que dirige o Diálogo Interamericano, um centro de estudos com sede em Washington.

Estabelecer uma entidade "robusta requer muito compromisso e recursos" dos países, e resta saber se estão dispostos a investir em ambos, acrescentou.

A curto prazo, a primeira decisão importante dos membros é escolher um novo secretário-geral, após a morte repentina do ex-presidente da Argentina Néstor Kirchner, há um mês.

Na cúpula da Guiana, a aspiração é apenas a de ter uma lista de possíveis candidatos, explicou Lucas.

Os únicos nomes que circularam até agora foram o de Lula e os dos ex-presidentes Michelle Bachelet e Tabaré Vázquez, de Chile e Uruguai respectivamente.

Todos são de esquerda, mas com um perfil moderado capaz de satisfazer não só os Governos bolivarianos mas também os conservadores da América do Sul.

Michelle assumiu em setembro um alto cargo na ONU e a princípio está descartada, enquanto os assessores de Lula disseram que o posto não lhe interessa, embora ele próprio tenha dado declarações vagas a respeito.

Desta forma, sobra Vázquez, que foi sondado pelo atual presidente do Uruguai, José Mujica, mas não se pronunciou sobre o tema.

Se os países-membros não encontrarem um ex-presidente, voltarão sua busca para um antigo chanceler, disse Lucas.

A meta é encontrar alguém de alto perfil com capacidade de criar consensos em uma região que procura a unidade.

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