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Mujica recomenda que Farc não peçam "impossível" em diálogo

Presidente do Uruguai pediu que guerrilheiros facilitem acordos que coloquem fim ao conflito interno mais prolongado da região


	Soldados combatem guerrilheiros das Farc: representantes devem se encotrar em Cuba para um diálogo de paz
 (Luis Robayo/AFP)

Soldados combatem guerrilheiros das Farc: representantes devem se encotrar em Cuba para um diálogo de paz (Luis Robayo/AFP)

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Da Redação

Publicado em 6 de maio de 2014 às 08h46.

Bogotá - O presidente do Uruguai, José Mujica, recomendou à guerrilha Farc não pedir o impossível ao governo da Colômbia no diálogo de paz que as partes mantêm em Cuba para, assim, facilitar acordos que coloquem fim ao conflito interno mais prolongado da região.

O mandatário uruguaio, um ex-guerrilheiro de 78 anos, disse nesta terça-feira que se reuniu recentemente em Cuba durante meia hora com os negociadores das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), que estão, segundo ele, preocupados em manter o processo.

"A única coisa que pedi, que posso dizer, que exista sanidade, que as exigências não sejam impossíveis, é preciso tornar as coisas possíveis para o governo colombiano", declarou Mujica em entrevista por telefone à emissora local W Radio.

"Sempre é um grave erro pedir o que não nos podem dar, mas também tem que garantir que cada qual andará por seu caminho por um tempo, que talvez seja um pouco longo, não se pode pedir às pessoas que mudem o pensamento da noite para o dia", acrescentou desde Montevidéu.

O governo do presidente Juan Manuel Santos e as Farc, consideradas terroristas por Estados Unidos e União Europeia, iniciaram em novembro, em Cuba, uma negociação com o objetivo de acabar com um conflito de quase meio século que deixou mais de 200 mil pessoas mortas e milhões de desabrigados.

As duas partes conseguiram em maio um acordo parcial sobre o tema agrário e atualmente negociam garantias para o exercício da oposição política na eventualidade de que se firme um acordo de paz e a guerrilha se converta em um partido.

Também estão na agenda de negociações o narcotráfico, a compensação às vítimas e o fim do conflito.

As Farc exigiram assentos no Congresso para a guerrilha se houver um acordo de paz, o financiamento de meios de comunicação por parte do Estado, a redução do gasto militar e a regulação de atividades importantes para a economia colombiana, como mineração e petróleo.

Mas o governo rejeitou algumas das propostas com o argumento de que não havia combinado negociar com os rebeldes o modelo político ou econômico do país sul-americano de 46 milhões de habitantes.

Mujica disse que as duas partes devem respeitar "escrupulosamente" os acordos. Ele anunciou a possibilidade de viajar à Colômbia em breve para se reunir com seu homólogo e buscar a forma de apoiar a negociação de paz em instâncias como o Mercosul.

"Não tenho que me meter onde não me chamam, mas não posso ficar neutro diante das dificuldades que um processo desta natureza tem e estou aberto, assim como meu país, a ajudar a Colômbia em tudo o que pudermos sem condições", acrescentou.

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