Mundo

Presidente ucraniano reunirá Parlamento após ultimato

Yanukovich recebeu presidente do Parlamento Volodymyr Rybak e pediu que convocasse deputados para resolver em breve a crise que atravessa o país, diz comunicado

Vladimir Putin e o presidente ucraniano, Viktor Yanukovich: a Rússia garantiu que não irá intervir na situação da Ucrânia (POOL/AFP/Arquivos)

Vladimir Putin e o presidente ucraniano, Viktor Yanukovich: a Rússia garantiu que não irá intervir na situação da Ucrânia (POOL/AFP/Arquivos)

DR

Da Redação

Publicado em 23 de janeiro de 2014 às 17h43.

O presidente ucraniano Viktor Yanukovich pediu nesta quinta-feira a realização de uma sessão extraordinária do Parlamento, que, segundo o presidente desta assembleia, deve debater sobre uma renúncia do governo reclamada pela oposição.

Yanukovich recebeu o presidente do Parlamento Volodymyr Rybak e pediu que convocasse os deputados para resolver em breve a crise que atravessa o país, segundo comunicado da presidência.

Rybak respondeu que a sessão será realizada no início da próxima semana e que o Parlamento debaterá a demissão do governo e as leis adotadas recentemente e impugnadas pela oposição.

Após este anúncio, a chefe da diplomacia da União Europeia (UE), Catherine Ashton, comunicou que viajará na próxima semana a Kiev para reunir-se com Yanukovich, assim como com a oposição.

"As portas do diálogo e uma solução política devem permanecer abertas", afirmou, em seu comunicado.

O presidente ucraniano assegurou, num telefonema ao presidente da Comissão Europeia, José Manuel Durao Barroso, que não pretende decretar o estado de emergência em seu país, segundo um porta-voz da comissão.

Por telefone, a chanceler alemã, Angela Merkel, condenou a violência em Kiev e pediu a Yanukovich que retire as leis que limitam os direitos dos manifestantes.

"A chanceler exigiu que o presidente abra um diálogo sério com a oposição, que dê resultados concretos, inclusive (...) a retirada das leis (...) que limitam os direitos dos cidadãos", indicou o gabinete da chefe de Estado em um comunicado.

Mais cedo, a oposição havia ameaçado o presidente com uma nova ofensiva caso não fossem feitas concessões, após vários dias de uma onda de violência que matou cinco pessoas no centro de Kiev.


Manifestantes e policiais se mantiveram distantes nesta quinta-feira, separados por uma barricada de pneus em chamas. Mas o clima continua muito tenso e os líderes da oposição lançaram um ultimato ao poder.

O opositor ucraniano Vitali Klitschko fez um apelo nesta quinta-feira aos policiais e manifestantes reunidos na rua Grouchevski, palco de violentos confrontos desde domingo, por uma trégua até o início da noite, horário local, para esperar pelos resultados das negociações com o governo.

"Há duas soluções: a primeira é parar o derramamento de sangue e manter vivos todos os que estão em Maidan", outro nome dado à Praça da Independência, declarou na quarta-feira Arseny Yatsenyuk, líder do partido da opositora Yulia Tymoshenko.

"Se este não for o caminho escolhido, eu digo a mim mesmo: eu não vou viver na vergonha. Nós todos vamos avançar juntos, mesmo que o resultado seja uma bala na testa", acrescentou diante de dezenas de milhares de pessoas.

"Se Yanukovytch não fizer concessões, amanhã (quinta-feira) nós partiremos para a ofensiva", declarou, por sua vez, Vitali Klitschko, exigindo a convocação de eleições antecipadas.

O movimento de contestação, lançado há dois meses em resposta à recusa do governo em assinar um acordo com a União Europeia em favor de uma aproximação com a Rússia, ganhou impulso desde a adoção de uma lei reforçando significativamente as punições contra os manifestantes, em vigor desde quarta-feira.

Desde domingo, a mobilização ganhou ares de guerrilha urbana, dando lugar a confrontos de uma violência sem precedentes nesta ex-república soviética.

Os confrontos se intensificaram na quarta-feira com vários ataques da polícia de choque, apoiada por um veículo blindado, contra as barricadas erguidas pelos manifestantes na rua Grouchevski, a algumas centenas de metros da Praça da Independência.


Os ataques foram acompanhados por disparos de bombas de gás lacrimogêneo e de efeito moral pela polícia, equipada com canhões de água, apesar de uma temperatura de -10º C. Os manifestantes responderam com coquetéis Molotov.

O coordenador do centro médico da oposição, Oleg Musiy, indicou quarta-feira ter contado cinco mortos e cerca de 300 feridos.

De acordo com o site Ukrainska Pravda, quatro das cinco pessoas mortas tinham ferimentos de bala.

Moscou não vai intervir

Dezenas de manifestantes, alguns deles utilizando capacetes de obras ou de motos, voltaram a se reunir na manhã desta quinta-feira na rua Groushevski, atrás da cortina de chamas e fumaça, e lançavam esporadicamente pedras e coquetéis molotov.

Também eram ouvidas explosões ocasionais, aparentemente devido ao lançamento de bombas de efeito moral ou de gás lacrimogêneo por parte das forças de segurança.

Apesar da tensão latente, a situação está relativamente calma em vista dos combates dos dias anteriores, condenados pelos países ocidentais.

A União Europeia advertiu que "estudará possíveis ações e as consequências" para suas relações com a Ucrânia, enquanto Washington anunciou as primeiras sanções.

A Rússia, por sua vez, garantiu que não irá intervir na situação da Ucrânia, dizendo que "está convencida de que as autoridades ucranianas "sabem o que precisa ser feito e encontrarão a melhor solução para voltar à normalidade e restabelecer a paz".

"Nós não conseguimos entender os embaixadores de países estrangeiros que trabalham em Kiev, que dizem o que as autoridades da Ucrânia devem fazer, e de onde devem retirar suas tropas e a polícia", afirmou o porta-voz do presidente russo Vladimir Putin, Dmitri Peskov, em uma entrevista ao jornal Komsomolskaïa Pravda.

Desde domingo, mais de 1.700 pessoas ficaram feridas em Kiev nos confrontos entre manifestantes e a polícia, segundo a oposição.

As autoridades anunciaram a prisão de ao menos 70 pessoas.

Acompanhe tudo sobre:GovernoOposição políticaProtestosProtestos no mundoUcrânia

Mais de Mundo

Yamandú Orsi, da coalizão de esquerda, vence eleições no Uruguai, segundo projeções

Mercosul precisa de "injeção de dinamismo", diz opositor Orsi após votar no Uruguai

Governista Álvaro Delgado diz querer unidade nacional no Uruguai: "Presidente de todos"

Equipe de Trump já quer começar a trabalhar em 'acordo' sobre a Ucrânia