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Presidente ucraniano apresenta a Putin plano de paz

Líder apresentou seu plano de paz para o leste separatista pró-russo durante a primeira conversa "substancial" sobre a crise

Separatistas pró-Rússia montam guarda no centro da cidade de Snizhnye, no leste da Ucrânia (Shamil Zhumatov/Reuters)

Separatistas pró-Rússia montam guarda no centro da cidade de Snizhnye, no leste da Ucrânia (Shamil Zhumatov/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 12 de junho de 2014 às 17h20.

Kiev - O presidente ucraniano, Petro Poroshenko, apresentou nesta quinta-feira a Vladimir Putin seu plano de paz para o leste separatista pró-russo durante a primeira conversa "substancial" sobre a pior crise entre a Rússia e o Ocidente desde o fim da Guerra Fria.

O breve encontro inédito entre os dois líderes há uma semana na França, na véspera da posse de Poroshenko, suscitou esperanças de um acordo. Mas a tensão não foi reduzida nas frentes de batalha, com intensos confrontos entre as forças ucranianas e os separatistas.

Nesta quinta-feira, o ministro russo das Relações Exteriores, Serguei Lavrov, considerou que o governo da Ucrânia não está cumprindo sua promessa de "conter a violência" no leste do país, enquanto Kiev respondeu afirmando que Moscou é responsável pela tensão na região.

"O presidente da Ucrânia comunicou a Vladimir Putin seu plano para solucionar as coisas no sudeste ucraniano", indicou o porta-voz de Putin, Dmitri Peskov.

A Presidência ucraniana confirmou essa conversa "longa e substancial". Segundo Kiev, os dois líderes "falaram sobre medidas a serem tomadas para viabilizar um cessar-fogo e uma saída pacífica para a crise".

A Rússia pretende apresentar um projeto de resolução a esse respeito ao Conselho de Segurança da ONU com o objetivo de fazer com que a Ucrânia "comece a aplicar o plano" elaborado em maio pelo presidente da OSCE, o suíço Didier Burkhalter, de acordo com o porta-voz do Kremlin.

Segundo ele, a Rússia pediu uma investigação urgente sobre as informações envolvendo um possível uso de bombas incendiárias por parte das forças ucranianas.

Uma fonte da Chancelaria russa acusou nesta quinta as forças ucranianas de usarem armas proibidas, mas a Guarda Nacional ucraniana desmentiu imediatamente as acusações, classificadas de absurdas.

"Parar de apoiar os separatistas"

Em Kiev, o ministro ucraniano das Relações Exteriores, Andrii Dechtchitsa, considerou que o poder de decisão é dos russos.

"É preciso que a Rússia pare de apoiar os separatistas. É preciso que suspendam o envio de veículos blindados e caminhões cheios de combatentes armados para as regiões do leste", afirmou durante uma coletiva de imprensa.

Poroshenko precisou convocar nesta quinta-feira uma "reunião de emergência" com as principais autoridades das forças de ordem após "a incursão a partir da Rússia" de tanques utilizados pelos rebeldes, informou a Presidência, afirmando que Kiev conseguiu retomar o controle de 100 km de fronteira com a Rússia.

"Se tudo isso continuar, não há qualquer chance de o plano de paz proposto pelo presidente ucraniano ser implementado", afirmou Dechtchitsa. Nesse caso, a Ucrânia vai pedir ao Ocidente para reforçar as sanções contra a Rússia, disse ele.

Um dos pontos-chave do plano de Poroshenko é a criação de corredores humanitários reivindicados por Moscou para permitir que os civis deixem as zonas de combate, onde a violência já fez 270 mortos em dois meses.

Só na região de Donetsk, onde foram registrados os combates mais violentos, 225 pessoas morreram, incluindo duas crianças e oito mulheres. Os serviços médicos também contabilizaram 576 feridos, segundo o ministério em um comunicado.

Na região vizinha de Lugansk, foram registrados 45 mortos e 137 feridos.

As forças ucranianas lançaram uma ofensiva há dois meses para acabar com a insurreição pró-russa no leste da Ucrânia, onde separatistas proclamaram duas "Repúblicas Independentes" em Donetsk e em Lugansk.

A ofensiva está concentrada principalmente nos arredores de Slaviansk, na região de Donetsk.

Último prazo para segunda-feira às 10h00

Neste contexto de extrema tensão, os dois países travam ainda um duro confronto em torno da chamada "guerra do gás", que poderá ter repercussões no restante da Europa.

Outra rodada de negociações frustrada entre os dois países e com a mediação da União Europeia foi realizada em Bruxelas.

A gigante russa Gazprom deu a Kiev até 16 de junho para que pague sua dívida pelo gás fornecido, e ameaça recorrer a um sistema de pré-pagamento.

O diretor da Gazprom, Alexei Miller, alertou nesta quinta-feira que o último prazo para o pagamento "é segunda-feira às 10h00".

Kiev classificou de "armadilha" a oferta final do presidente russo Vladimir Putin de baixar o preço do gás fornecido à Ucrânia em 20%.

Em abril, depois que os ativistas pró-Ocidente tomaram o poder em Kiev, Moscou elevou o preço dos 1.000 m3 de gás que vende à Ucrânia de 268,5 a 485,5 dólares, o maior valor na Europa.

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