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Presidente tcheco brinca sobre matar premiê com fuzil

Uma piada do presidente da República Tcheca sobre como livrar-se do primeiro-ministro com a ajuda de um fuzil Kalashnikov causou polêmica


	República Tcheca: ao responder a pergunta "Como podemos nos livrar do primeiro-ministro?", Zeman respondeu: "A opção democrática é só uma, com eleições livres. A não democrática é com um Kalashnikov"
 (LenDog64/Flickr/CreativeCommons)

República Tcheca: ao responder a pergunta "Como podemos nos livrar do primeiro-ministro?", Zeman respondeu: "A opção democrática é só uma, com eleições livres. A não democrática é com um Kalashnikov" (LenDog64/Flickr/CreativeCommons)

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Da Redação

Publicado em 26 de janeiro de 2016 às 22h25.

Praga - Uma piada do presidente da República Tcheca, Milos Zeman, sobre como livrar-se do primeiro-ministro, Bohuslav Sobotka, com a ajuda de um fuzil Kalashnikov causou polêmica nesta terça-feira no país e gerou várias críticas.

Zeman, de 71 anos, fez estas controvertidas declarações em um evento com cidadãos realizado ontem à noite em um cinema da cidade de Tisnov, ao leste do país.

Perante a pergunta de "Como podemos nos livrar do primeiro-ministro?", Zeman respondeu: "A opção democrática é só uma, com eleições livres. A não democrática é com um Kalashnikov".

O incidente evidencia as más relações que existem entre o governo e a presidência, apesar de ambas instituições estarem ocupadas por políticos social-democratas.

As diferenças se devem à postura mais aberta de Sobotka em relação aos refugiados, frente à tese presidencial de evitar a todo custo a entrada na República Tcheca de imigrantes muçulmanos por sua suposta incapacidade de adaptação cultural.

Após o conselho de ministros de hoje, Sobotka reagiu, consternado, às declarações do chefe de Estado e disse que teme por sua família.

"Somos provavelmente o único país civilizado onde o presidente encoraja publicamente a matar o chefe do governo. Eu posso suportar, mas me preocupa muito que Zeman atemorize meus filhos, minha família e amigos", declarou o primeiro-ministro, de 44 anos.

Por sua vez, o titular de Direitos Humanos, Jiri Dientsbier, se perguntou se o presidente tinha algum limite.

"Zeman aceita publicamente um atentado contra o chefe do governo. Existe algum limite que não esteja disposto a transgredir?", questionou Dientsbier.

O ministro do Interior tcheco, Milan Chovanec, também condenou as declarações de Zeman.

"Brincadeiras de mau gosto sobre o uso de armas contra representantes do Estado só jogam mais lenha na fogueira", escreveu Chovanec em sua conta oficial no Twitter.

Outros membros da coalizão governante, como o responsável de Finanças, Andrej Babis, e o chefe dos democratas-cristãos, Pavel Belohradek, também lamentaram as palavras do chefe do Estado.

Uma recente enquete afirma que 60% dos tchecos são contrários a que o país acolha refugiados.

Zeman já foi inclusive criticado pelo alto comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Zeid Ra'ad al-Hussein, por seu discurso xenófobo.

O chefe do Estado tcheco sustenta que a chegada de refugiados à Europa é uma "invasão organizada" e já participou de uma marcha de um grupo de extrema direita na qual foram proclamadas palavras de ordem xenófobas contra os muçulmanos.

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