O presidente interino sírio Ahmed al Sharaa ao lado do príncipe herdeiro saudita Mohamed bin Salman em Riad (AFP/AFP)
Agência de notícias
Publicado em 2 de fevereiro de 2025 às 12h08.
O presidente interino da Síria, Ahmed al Sharaa, se reuniu neste domingo (2) na Arábia Saudita com o príncipe herdeiro e governante de fato do reino, Mohamed bin Salman, em sua primeira visita ao exterior desde que derrubou, em dezembro, o regime de Bashar al-Assad.
Segundo a agência oficial saudita SPA, Al Sharaa foi recebido pelo príncipe herdeiro, mas as questões abordadas durante o encontro não foram reveladas.
Durante a manhã, a presidência síria divulgou uma foto na rede social X de Al Sharaa e seu ministro das Relações Exteriores, Asaad al Shaibani, a bordo do que parecia ser uma jato particular, a caminho da Arábia Saudita, com a legenda "primeira visita oficial".
Al Sharaa foi nomeado na quarta-feira passada como presidente interino da Síria, em uma reunião a portas fechadas do "comando geral de operações militares", sua coalizão de grupos armados islamistas que derrubou Bashar al-Assad em 8 de dezembro.
A Arábia Saudita, peso pesado do mundo árabe e potência sunita, foi um dos primeiros países a felicitar Al Sharaa por sua nomeação e desejou "sucesso".
O novo governo sírio precisa das ricas nações do Golfo para financiar a reconstrução do país, devastado pela guerra civil, e para estimular sua economia.
No final de dezembro, Al Sharaa afirmou em uma entrevista ao canal saudita Al Arabiya que o reino "certamente terá um papel importante" no futuro da Síria, destacando que existe uma "grande oportunidade de investimento".
Ele recordou que nasceu na Arábia Saudita, onde seu pai trabalhava, e que morou no paós até os sete anos.
Rabha Seif Allam, pesquisadora do 'Al-Ahram Center for Political and Strategic Studies' com sede no Cairo, destaca que Riad está "desempenhando um papel crucial na reintegração da nova Síria no mundo árabe e no cenário internacional".
A analista explica que a Arábia Saudita, maior economia do mundo árabe, seria "diretamente beneficiada" por uma estabilização na Síria.
"O Irã está excluído do cenário sírio agora, o que enfraquece sua influência regional, e o tráfico de drogas da Síria para os países do Golfo, um fator desestabilizador, é coisa do passado", disse.
"Ao afastar Teerã da Síria, Al Sharaa fez um favor estratégico à Arábia Saudita", completa.
Embora a Arábia Saudita e o Irã tenham encerrado um período de sete anos de frieza diplomática em 2023, as duas potências regionais continuam afastadas em várias questões geopolíticas, incluindo a guerra civil síria, na qual apoiaram lados opostos.
A Síria também pressiona para obter o fim das sanções internacionais que abalam sua economia.
As sanções começaram em 1979, quando o governo dos Estados Unidos classificou a Síria como "Estado patrocinador do terrorismo", mas Washington e outras potências ocidentais intensificaram consideravelmente as medidas após a repressão violenta de Assad aos protestos pró-democracia em 2011, cenário que provocou a guerra civil.
O chefe da diplomacia saudita visitou Damasco no mês passado e prometeu ajudar a Síria a obter o fim das sanções.
Durante a visita, o príncipe Faisal bin Farhan afirmou que Riad está comprometido com um "diálogo ativo com todos os países relevantes".
As novas autoridades sírias receberam várias visitas diplomáticas desde que Assad foi deposto.
Na quinta-feira, Damasco recebeu o emir do Catar, Tamim bin Hamad al Thani, que destacou a "necessidade urgente de formar um governo que represente todos os componentes" da sociedade síria, para "consolidar a estabilidade" e avançar na reconstrução do país.