Mundo

Presidente egípcio discute novos poderes com juízes

Com reunião, Mohamed Mursi tenta atenuar a crise iniciada com o decreto pelo qual se atribuiu mais poderes, motivando violentos protestos no país


	Egípcios protestam contra o presidente: protestos começaram após Mursi ter emitido emendas constitucionais por decretos que reforçam o próprio poder
 (REUTERS)

Egípcios protestam contra o presidente: protestos começaram após Mursi ter emitido emendas constitucionais por decretos que reforçam o próprio poder (REUTERS)

DR

Da Redação

Publicado em 26 de novembro de 2012 às 09h07.

Cairo - O presidente do Egito, Mohamed Mursi, vai se reunir nesta segunda-feira com juízes de altas instâncias para tentar atenuar a crise iniciada com o decreto pelo qual ele se atribuiu mais poderes, e que motivou violentos protestos no país.

A Bolsa do Egito despencou no domingo, quando operou o primeiro pregão desde a emissão do decreto presidencial, na noite de quinta-feira, que amplia temporariamente os poderes de Mursi e blinda suas decisões de serem contestadas na Justiça.

Críticos disseram que o presidente, um político de tendência islâmica, está agindo como um ditador.

Mais de 500 pessoas ficaram feridas durante protestos entre policiais e manifestantes preocupados com o predomínio político da Irmandade Muçulmana no Egito, menos de dois anos depois da revolução popular que derrubou a ditadura de Hosni Mubarak.

Um membro da Irmandade foi morto e 60 pessoas ficaram feridas no domingo num ataque à sede regional do grupo islâmico na cidade de Damanhour, no delta do Nilo, segundo o site do Partido Liberdade e Justiça, braço político da Irmandade.

A principal autoridade judicial egípcia sinalizou a intenção de aceitar um acordo para evitar uma escalada, mas adversários de Mursi exigem a revogação completa do decreto, que eles veem como uma ameaça à democracia.


O Conselho Judicial Supremo disse que o decreto de Mursi deveria valer apenas para "questões soberanas", o que indica que não há uma rejeição total à medida. O órgão também pediu a volta ao trabalho de juízes e promotores que entraram em greve no domingo.

A imprensa estatal disse que Mursi vai se reunir na segunda-feira com o Conselho Judicial Supremo.

O gabinete presidencial repetiu as garantias de que as medidas serão temporárias, e disse que Mursi deseja um diálogo com outros grupos políticos sobre o teor da futura Constituição, o que é uma das questões no centro da crise.

Os protestos violentos contra o decreto presidencial evocaram as imagens da revolução de 2011 que derrubou Mubarak e abriu caminho para a eleição de Mursi. Pelo terceiro dia consecutivo, havia ativistas acampados na praça Tahrir, no Cairo, epicentro da revolta do ano passado. Eles bloqueavam o trânsito com barricadas improvisadas, e perto dali havia confrontos intermitentes entre policiais e manifestantes.

Partidários e adversários de Mursi planejam grandes manifestações na terça-feira, o que pode desencadear mais violência nas ruas.

"Estamos de volta à estaca zero, politicamente, socialmente", disse o analista financeiro Mohamed Radwan, da empresa Pharos Securities. Por causa da instabilidade política, a Bolsa do Cairo teve queda de quase 10 por cento, situação em que os negócios foram automaticamente interrompidos. Foi a maior queda desde a rebelião contra Mubarak.

Acompanhe tudo sobre:ÁfricaDitaduraEgitoOriente MédioPrimavera árabe

Mais de Mundo

Magnata vietnamita terá que pagar US$ 11 bi se quiser fugir de pena de morte

França afirma que respeitará imunidade de Netanyahu se Corte de Haia exigir prisão

Em votação apertada, Parlamento Europeu aprova nova Comissão de Ursula von der Leyen

Irã ativa “milhares de centrífugas” em resposta à agência nuclear da ONU