John Bercow: ele justificou sua oposição pelo veto imposto pelo governo de Trump à entrada de imigrantes (Tom Dulat/Getty Images)
EFE
Publicado em 7 de fevereiro de 2017 às 10h57.
Londres - O presidente da câmara dos Comuns britânica, John Bercow, enfrenta nesta terça-feira fortes críticas de outros deputados por expressar sua rejeição ao fato do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, dar um discurso perante as duas câmaras do parlamento em sua futura visita ao Reino Unido.
Em uma sessão parlamentar realizada na segunda-feira, John Bercow manifestou sua "forte oposição" ao fato do líder republicano americano se dirijir aos representantes dos britânicos com um discurso perante Westminster, sede do parlamento, em sua planejada viagem a este país.
Bercow justificou sua oposição pelo veto imposto pelo governo de Trump à entrada de imigrantes de sete países de maioria muçulmana.
O presidente do comitê parlamentar de Relações Exteriores, Crispin Blunt, fez críticas hoje perante veículos de imprensa locais sobre os comentários de Bercow, ao argumentar que "ele não faz ideia de que está falando em nome da maioria da câmara dos Comuns, e é por isso que o presidente (dos Comuns) nunca expressa sua opinião".
Já o deputado conservador de origem iraquiana Nadhimn Zahawi afirmou hoje que Bercow deveria "considerar sua posição" como presidente dessa câmara e oferecer uma explicação perante o parlamento por seus controversos comentários.
Em entrevista à emissora britânica "BBC" Rádio 4, Zahawi indicou que é "pouco sensato" adotar "uma posição política tão flagrantemente contrária ao líder eleito do mais estreito aliado do Reino Unido", ao qual este país está "pedindo que não vete as pessoas".
"E agora, ou pelo menos assim está fazendo o presidente do parlamento, que tem uma grande, grande responsabilidade, está falando com a linguagem dos vetos", lamentou este deputado conservador, favorável a que Trump se dirija a ambas Câmaras.
A primeira-ministra britânica, a conservadora Theresa May, convidou Trump a realizar uma visita de Estado ao Reino Unido ao se reunir em Washington há uma semana, uma decisão que suscitou críticas desde a oposição.
Bercow recebeu o aplauso da bancada trabalhista após afirmar que o convite a um líder estrangeiro a se dirigir às câmaras britânicas "não é um direito automático, mas um honra que deve ganhar".
"Acho firmemente que nossa oposição ao racismo e ao sexismo, assim como nosso apoio à igualdade perante a lei e à independência judicial, são assuntos extremamente importantes para a câmara os Comuns", afirmou o presidente.
Em 20 de fevereiro, o parlamento debaterá se se deve receber a Trump, depois que mais de 1,6 milhão de pessoas se opuseram à visita do magnata em um pedido através de internet.
Os deputados considerarão também um pedido cidadão em sentido contrário, que reuniu 100 mil assinaturas necessárias para que seja estudada pela câmara dos Comuns. EFE