Salva Kiir: o presidente fez um convite a "qualquer pessoa" da oposição para que se junte ao diálogo nacional (Jok Solomun/Reuters)
EFE
Publicado em 22 de maio de 2017 às 11h25.
Juba - O presidente do Sudão do Sul, Salva Kiir, anunciou nesta segunda-feira um cessar-fogo unilateral no conflito entre o governo e a oposição armada, liderada pelo ex-vice-presidente Riek Machar, que assola o país desde 2013.
Kiir também ordenou a libertação de todos os presos políticos, conforme ele mesmo anunciou durante um discurso diante de um comitê de diálogo nacional instaurado nesta segunda-feira em Juba, no qual participam representantes do governo e da oposição, mas não Machar.
"Declaro um cessar-fogo unilateral a partir de hoje, bem como ordeno ao comando do Exército Popular que implemente esta decisão. Todos nós sabemos que o cessar-fogo unilateral não obriga a outra parte a respeitá-lo, por isso temos o direito de nos defendermos se a outra facção nos atacar", afirmou Kiir.
O presidente fez um convite a "qualquer pessoa" da oposição para que se junte ao diálogo nacional, com a única exceção de Machar, por considerar que sua presença "causará problemas".
Não obstante, Kiir afirmou que Machar pode enviar delegados em seu nome e instruiu os serviços de segurança para que não detenham nenhum opositor que expresse o seu desejo de participar no processo de diálogo em Juba.
Kiir fez uma declaração por escrito, convocando a unidade nacional e pediu o apoio da comunidade regional "para alcançar a paz o mais rápido possível ".
Na sessão do comitê de diálogo nacional estiveram presentes o presidente de Uganda, Yoweri Museveni, e representantes da União Africana e da Autoridade Intergovernamental para o Desenvolvimento da África Oriental (IGAD, sigla em inglês).
O Sudão do Sul ficou independente do Sudão em julho de 2011 e, dois anos depois, explodiram as hostilidades entre as forças de Kiir, que pertence à etnia dinka, e Machar, da tribo nuer, que derivou em um conflito de caráter étnico.
Ambas as partes assinaram um acordo de paz em agosto de 2015 que levou à criação de um governo de união nacional, mas, em julho de 2016, os enfrentamentos voltaram, causando milhares de mortos e de deslocados, e deixando o país à beira de uma crise de fome.
Um relatório apresentado em março no Conselho de Direitos Humanos da ONU denunciou que "um processo de limpeza étnica" está ocorrendo no Sudão do Sul.