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Presidente do Paraguai afirma ter Mercosul como prioridade

Horacio Cartes, porém, admitiu que tem interesse em aprofundar suas relações com a Aliança do Pacífico


	Para Cartes, o Paraguai sair do Mercosul seria um contrassenso. "Temos uma população economicamente ativa que depende do Mercosul em 29 ou 30%"
 (REUTERS/Mario Valdez)

Para Cartes, o Paraguai sair do Mercosul seria um contrassenso. "Temos uma população economicamente ativa que depende do Mercosul em 29 ou 30%" (REUTERS/Mario Valdez)

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Da Redação

Publicado em 29 de abril de 2013 às 19h54.

O presidente eleito do Paraguai, o rico empresário do tabaco Horacio Cartes, disse que sua prioridade quando assumir, no dia 15 de agosto, será resolver os assuntos pendentes que o Paraguai tem com o Mercosul, mas admitiu que tem interesse em aprofundar suas relações com a Aliança do Pacífico.

"Acredito que precisamos primeiro resolver os assuntos que temos pendentes com nossos vizinhos de bairro (o Mercosul, formado por Argentina, Brasil, Uruguai e Venezuela). Pertencemos a este bairro e não podemos mudar", disse Cartes à AFP, pouco antes de se submeter no domingo a um tratamento de infiltração por causa de uma hérnia de disco.

O chefe de Estado eleito no dia 21 de abril respondeu dessa forma quando questionado sobre a possibilidade de estabelecer um acordo de livre comércio com os Estados Unidos.

Fundador do Mercosul com a Argentina, Brasil e Uruguai após o acordo firmado na capital paraguaia no dia 26 de março de 1991, o Paraguai está suspenso por seus sócios desde 29 de junho de 2012.

Os presidentes Dilma Rousseff, Cristina Kirchner da Argentina e José Mujica do Uruguai suspenderam o Paraguai do bloco, em oposição à decisão do Congresso de destituir, por meio de um julgamento político, o ex-presidente Fernando Lugo.

Por outro lado, decidiram incluir a Venezuela, cuja entrada tinha sido rejeitada pelo parlamento paraguaio, que denunciava violações aos direitos humanos pelo governo de Hugo Chávez.


Para Cartes, o Paraguai sair do Mercosul seria um contrassenso. "Temos uma população economicamente ativa que depende do Mercosul em 29 ou 30%".

"Se nós saímos do Mercosul, muitas fábricas vão fechar. Empresas japonesas não vão vir investir, nem aproveitar nossos atrativos, a energia elétrica barata e a mão de obra. Sem o Mercosul, nossos trabalhadores ficarão na rua", explicou o presidente eleito.

Contudo, ele disse que a segunda prioridade de seu governo será a Aliança do Pacífico, formada pelo Chile, Peru, Colômbia e México e seus laços com o sudeste asiático.

"Ali se abre um mercado de quatro bilhões de pessoas. Na realidade, todos os mercados me interessam. As fronteiras caíram", informou Cartes.

Questionado se estabelecerá relações com China, respondeu que não. "Nós vamos respeitar Taiwan", país com o qual o Paraguai mantém relações desde 1957.

"China e Taiwan têm acordos. A China hoje está presente no Paraguai, que foi invadido por suas mercadorias. O país, inclusive, se nutre de nossa produção agrícola", observou.

Cartes elogiou Taiwan pela colaboração com o Paraguai em educação. "Queremos que continuem nos ajudando em educação, a melhorar nossa produção e a conseguir mercados. Me interessa esse tipo de ajuda externa, que cheguem às pessoas", enfatizou Cartes.

"Somos um estado produtor e não tenho dúvidas de que, em um futuro próximo, vamos enfrentar o desafio da indústria", alertou.


Questionado sobre que tratamento dará à Venezuela e se apoiará que o novo Congresso, que assumirá no dia 1º de julho, aprove a entrada da Venezuela ao Mercosul, já que para o atual Congresso sua entrada foi ilegal, o presidente eleito respondeu que se empenhará para que tudo seja normalizado.

Ele comentou que todos os presidentes do Mercosul telefonaram para ele, inclusive Nicolás Maduro, e que sentiu "receptividade nos contatos" que manteve com cada um deles.

"É certo que temos coisas a resolver sobre o Estado de direito, mas quando há vontade, tudo pode acontecer", enfatizou Cartes, proprietário de cerca de 25 empresas de diferentes ramos, a principal delas, a indústria de tabaco.

"Eu prefiro ser positivo. A complementação vai nos trazer mais benefícios que a confrontação. Me interesso pelos resultados tangíveis, concretos. Falar de literatura política me interessa menos. Gosto de discutir assuntos que tragam resultados", concluiu.

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