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Presidente do Panamá vê "falsidade intolerável" dos EUA sobre hipotética isenção no Canal

Na última quarta-feira, Departamento de Estado americano fez postagem nas redes socais dizendo que navios do governo não pagarão tarifas

EFE
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Agência de Notícias

Publicado em 6 de fevereiro de 2025 às 13h17.

Última atualização em 6 de fevereiro de 2025 às 13h22.

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O presidente do Panamá, José Raúl Mulino, negou nesta quinta-feira, 6, como uma "falsidade intolerável" a informação divulgada no dia anterior pelo governo dos Estados Unidos de que a administração panamenha havia concordado em não cobrar pelo trânsito de navios americanos no Canal do Panamá.

"Estou muito surpreso com a declaração do Departamento de Estado dos Estados Unidos de ontem, porque eles estão fazendo declarações importantes com base em uma falsidade e isso é intolerável, simplesmente intolerável", disse Mulino em entrevista coletiva de imprensa semanal, na qual explicou que seu cargo não lhe dá o poder de controlar os pedágios do canal.

"Hoje, por meio de vocês e para o mundo, o Panamá está expressando sua absoluta rejeição ao fato de continuarmos a explorar o caminho de administrar a relação bilateral com base em mentiras e falsidades", acrescentou.

O governante panamenho, que explicou que sua posição não lhe dá o poder legal de controlar os pedágios sobre a hidrovia, instruiu o Ministério das Relações Exteriores e o corpo diplomático no exterior a "tomar medidas firmes para negar essa situação", que Mulino descreveu como "nada agradável".

"Em todos os momentos, eu conduzi essa situação como as relações entre dois países devem ser conduzidas: de boa-fé. Posso fazer o que posso fazer, mas não vou transgredir a Constituição nacional sob o pretexto de nada ou ninguém", analisou.

Mulino disse que pode entender "os problemas políticos internos que possam existir nos Estados Unidos, que é a política interna deles".

"Isso não significa que eu tenha que ignorar as regras democráticas para impor meu desejo, minha vontade ou meu capricho, nem mesmo lá, pelo menos não este presidente", complementou.

O governo dos Estados Unidos afirmou ontem que o Panamá havia concordado em não cobrar de seus navios pelo trânsito no Canal do Panamá, economizando assim "milhões de dólares por ano", informação que a autoridade da hidrovia negou.

"Em resposta a uma publicação divulgada pelo Departamento de Estado dos EUA, a Autoridade do Canal do Panamá, que tem autoridade para estabelecer pedágios e outras taxas para transitar pelo Canal, anuncia que não fez nenhum ajuste nessas taxas", disse a agência em um comunicado horas depois.

Os navios pagam um pedágio para passar pelo canal, que é calculado com base em uma taxa fixa, de acordo com a eclusa usada e a categoria de tamanho do navio, e uma taxa variável baseada na capacidade do navio. Esse cálculo é feito independentemente da bandeira do navio, conforme estipulado no tratado de neutralidade assinado em 1977.

A Autoridade do Canal do Panamá (ACP), independente por mandato constitucional do governo panamenho, acrescentou, no entanto, em um tom conciliatório, que com "absoluta responsabilidade" está "pronta para estabelecer um diálogo com as autoridades americanas relevantes em relação ao trânsito de navios de guerra dos EUA".

Essa situação ocorre após a visita do secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, ao país centro-americano, em meio à pressão do presidente Donald Trump para "recuperar" o canal devido à suposta influência da China sobre a rota e ao tratamento "injusto" de seus navios.

Como resultado da visita de Rubio, o Panamá se comprometeu a não renovar um importante acordo comercial com a China sobre a Rota da Seda, e o canal também anunciou que trabalharia com a Marinha dos EUA para "otimizar o trânsito prioritário de seus navios" pela hidrovia.

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