Visita do Irã: "Não tivemos contatos sobre o tema com as autoridades italianas", disse o presidente iraniano (Filippo Monteforte / AFP)
Da Redação
Publicado em 27 de janeiro de 2016 às 12h27.
O presidente iraniano, Hassan Rohani, afirmou nesta quarta-feira em Roma que não pediu para que as estátuas nuas que decoram o Capitólio, sede da prefeitura da capital italiana, permanecessem cobertas, como afirma a imprensa local.
"É um assunto dos jornalistas", disse, com um sorriso irônico, o iraniano durante uma entrevista coletiva em um hotel de Roma.
A estátua de mármore da Vênus Capitolina, uma mulher nua, uma obra do século II antes de Cristo, está entre as obras de arte que foram tapadas na segunda-feira em Roma durante a visita do presidente do Irã, o que provocou uma intensa polêmica.
"Não tivemos contatos sobre o tema com as autoridades italianas", disse o presidente iraniano, um clérigo xiita.
"Eu sei que os italianos são muito hospitaleiros, um povo que faz com que a estadia de seus hóspedes seja o mais agradável possível e eu os agradeço por isto", completou.
Vários jornais italianos, que citam fontes oficiais, afirmam que as estátuas foram cobertas com placas a pedido da delegação iraniana.
As fontes teriam afirmado que o pedido para cobrir as obras de arte foi aceito "por respeito à cultura e à sensibilidade iraniana".
O governo italiano também aceitou o pedido dos iranianos para que bebidas alcoólicas não fossem servidas no jantar em homenagem ao país.
O ministro italiano da Cultura, Dario Franceschini, chamou de "incompreensível" a decisão de tapar as estátuas e disse que nem ele, nem o primeiro-ministro, Matteo Renzi, haviam sido informados.
A imprensa da Itália critica o "excesso de zelo" por parte do departamento responsável pelo protocolo.
O departamento está vinculado à Presidência do Conselho de Ministros e atua de forma independente.
A prestigiosa sede da prefeitura, o Capitólio, com um dos museus mais importantes da cidade, foi escolhida para a assinatura de 15 importantes acordos econômicos de milhões de euros, que serviram para reativar as relações comerciais e políticas após a retirada das sanções internacionais contra o Irã.
Renzi destacou a rica história dos dois países, que chamou de "duas superpotências em beleza e cultura".