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Presidente do Iêmen renuncia e país mergulha em caos

Abd-Rabbu Mansour Hadi renunciou hoje, jogando o Iêmen numa crise ainda mais profunda após rebeldes investirem contra o palácio presidencial

Tanque pertencente aos guardas presidenciais, que foi tomado por rebeldes, é visto no lado de fora do Palácio Presidencial, no Iêmen (Khaled Abdullah/Reuters)

Tanque pertencente aos guardas presidenciais, que foi tomado por rebeldes, é visto no lado de fora do Palácio Presidencial, no Iêmen (Khaled Abdullah/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 22 de janeiro de 2015 às 16h44.

Sanaa - O presidente do Iêmen, Abd-Rabbu Mansour Hadi, renunciou nesta quinta-feira, disse um porta-voz do governo, jogando o país numa crise ainda mais profunda dias depois que rebeldes do grupo Houthi investiram contra o palácio presidencial.

Hadi, um aliado dos Estados Unidos, renunciou logo depois que o primeiro-ministro, Khaled Baha, apresentou a renúncia do seu governo, dizendo que não queria ser arrastado para "um labirinto político que não era construtivo".

Trata-se de uma aparente referência a um impasse entre Hadi e o poderoso movimento xiita Houthi, que vem mantendo o presidente um prisioneiro virtual na sua própria residência oficial.

"Pedimos desculpas a você pessoalmente, à honrada Câmara e ao povo do Iêmen depois que chegamos a um beco sem saída", disse um porta-voz governamental, citando a carta de renúncia de Hadi.

A carta foi dirigida ao presidente do Parlamento, que se torna chefe de Estado interino, de acordo com a Constituição.

Sultan al-Atwani, um dos conselheiros de Hadi, disse à Reuters que ele renunciou após pressão e ameaças dos houthis. Ele afirmou que o Parlamento se reunirá no sábado para decidir se aceita ou rejeita.

A decisão de Hadi marca uma reviravolta abrupta em relação aos acontecimentos de quarta-feira, quando ele disse que estava pronto para aceitar as exigências dos rebeldes para uma participação maior em reformas constitucionais e políticas.

O anúncio pareceu aliviar o agravamento de diferenças entre ele e os houthis, cuja ascensão ao poder colocou o Iêmen dentro de uma disputa sectária mais ampla entre aliados sauditas e iranianos em partes do Oriente Médio.

A derrota dos guardas presidenciais pelos houthis já havia contribuído para aumentar a desordem num país onde os Estados Unidos também estão realizando ataques aéreos contra um dos ramos mais poderosos da Al Qaeda.

Suspeitando da cumplicidade iraniana, as autoridades muçulmanas sunitas na Arábia Saudita cortaram a maior parte da sua ajuda financeira ao Iêmen após a tomada da capital pelos houthis.

Nesta quinta-feira, a capital iemenita, Sanaa, permanecia amplamente paralisada, disseram testemunhas. Porém, o aeroporto e o porto, em Aden, retomaram as atividades depois de terem ficado fechados por um dia em protesto à ofensiva dos houthis contra o governo de Hadi.

A filial local da Al Qaeda tem reagido à ascensão dos houthis atacando suas forças, bem como alvos estatais, militares e de inteligência.

Assim como os zaidis, uma seita xiita, os houthis se opõem aos radicais islâmicos sunitas da Al Qaeda. No entanto, os ataques dos houthis contra os militantes podem estimular os sentimentos sectários no Iêmen, que é predominantemente sunita.

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