Mundo

Contra protestos, presidente do Equador muda a capital do país

Protesto vai reunir milhares de indígenas que rejeitam o fim dos subsídios de combustíveis decretado pelo governo

Equador: Moreno decidiu transferir a sede do governo para tentar sufocar a rebelião social (Daniel Tapia/Reuters)

Equador: Moreno decidiu transferir a sede do governo para tentar sufocar a rebelião social (Daniel Tapia/Reuters)

A

AFP

Publicado em 8 de outubro de 2019 às 09h54.

Última atualização em 8 de outubro de 2019 às 15h39.

O presidente do Equador, Lenín Moreno, começou a governar de Guayaquil depois de sair de Quito na segunda-feira, pressionado pelos protestos indígenas que ele vinculou a um plano apoiado pela Venezuela para tentar derrubá-lo.

Diante da chegada à capital do país de milhares de indígenas que rejeitam o fim dos subsídios decretado pelo governo e a consequente alta do preço dos combustíveis, Moreno decidiu transferir a sede do governo, com base no estado de exceção decretado na quinta-feira para tentar sufocar a rebelião social.

Com a medida extraordinária, que a princípio foi decretada por 60 dias, os militares foram enviados às ruas e o governo tem a faculdade de restringir direitos e impor censura prévia à imprensa.

Ao lado dos comandantes militares, Moreno anunciou a mudança temporária de seu gabinete em um discurso à nação.

Esta foi a resposta do presidente ao sexto dia de mobilizações e distúrbios, provocados pela medida econômica adotada pelo governo como parte de um acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI) para obter créditos de 4,209 bilhões de dólares para aliviar uma economia dolarizada e o alto nível de endividamento.

Ao mesmo tempo, Moreno acusou seu antecessor e antigo aliado Rafael Correa - que mora na Bélgica - e o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, de querer desestabilizar seu governo.

"O sátrapa do Maduro ativou com Correa seu plano de desestabilização", disse Moreno.

Pouco antes da meia-noite, novos confrontos foram registrados entra a polícia e os manifestantes nos arredores do palácio presidencial e aconteceu uma tentativa de invasão da Assembleia Nacional, em Quito, de acordo com uma denúncia do Congresso.

Manifestantes ocuparam três campos de produção de petróleo na Amazônia, provocando uma quebra na produção de 63.250 barris por dia, informou o ministério da Energia.

As atividades em três campos da Amazônia "foram suspensas devido à ocupação das instalações por grupos de pessoas alheias à operação", o que afetou 12% da produção total do país, de 531.000 barris/dia, precisou o ministério.

Em 16 das 24 províncias equatorianas foram registrados bloqueios nas estradas nesta segunda, de acordo com um relatório do Serviço de Segurança Integrado ECU 911.

Os protestos deixaram até o momento um civil morto, 73 feridos (incluindo 59 agentes de segurança) e 477 detidos (a maioria por vandalismo), de acordo com as autoridades.

Vários setores sociais rejeitam a decisão do governo em eliminar os subsídios, anunciada na última quinta-feira, que atende a um acordo assinado com o FMI para a concessão de um empréstimo de 4,2 bilhões.

A medida gerou aumentos de até 123% nos preços dos combustíveis. O galão de 3,79 litros de diesel passou de 1,03 para 2,30 dólares e o da gasolina comum de 1,85 para 2,40 dólares.

Acompanhe tudo sobre:CombustíveisEquadorIndígenasProtestos no mundo

Mais de Mundo

À espera de Trump, um G20 dividido busca o diálogo no Rio de Janeiro

Milei chama vitória de Trump de 'maior retorno' da história

RFK Jr promete reformular FDA e sinaliza confronto com a indústria farmacêutica

Trump nomeia Robert Kennedy Jr. para liderar Departamento de Saúde