Lasso suspendeu as negociações com o líder da poderosa Confederação de Nacionalidades Indígenas (Conaie), Leonidas Iza, que estimula os protestos (Franklin Jacome/Getty Images)
AFP
Publicado em 29 de junho de 2022 às 11h49.
Última atualização em 29 de junho de 2022 às 12h06.
O presidente do Equador, o direitista Guillermo Lasso, evitou um processo de destituição no Congresso na terça-feira, no mesmo dia em que suspendeu as negociações com o principal líder indígena para acabar com os protestos pelo custo de vida, que completaram 16 dias.
Uma moção para afastar o presidente do cargo, por motivos constitucionais de "grave crise política e comoção interna", recebeu 80 dos 92 votos necessários, segundo a Assembleia Nacional.
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"Defendemos a democracia e agora devemos recuperar a paz", disse Lasso após a votação.
O Congresso debatia desde sábado o pedido de impeachment apresentado pelo partido de oposição União pela Esperança (Unes), a principal formação da Assembleia, com 47 cadeiras e vinculado ao ex-presidente socialista Rafael Correa (2007-2017).
"Apesar das tentativas golpistas, hoje prevaleceu a institucionalidade do país. Está evidente quem trabalha para as máfias políticas. Enquanto isso, nós continuamos trabalhando para o Equador", acrescentou o presidente, de 66 anos.
Durante a manhã, Lasso suspendeu as negociações com o líder da poderosa Confederação de Nacionalidades Indígenas (Conaie), Leonidas Iza, que estimula os protestos.
Lasso tomou a decisão depois que um soldado morreu e 12 ficaram feridos em um ataque de manifestantes contra militares na Amazônia.
"Não vamos nos sentar para conversar com Leonidas Iza novamente, que só defende seus interesses políticos e não os de suas bases (...) Não vamos negociar com quem mantém o Equador refém", declarou o presidente.
A Conaie, respondeu acusando Lasso de "autoritarismo, falta de vontade e incapacidade" e disse que ele terá de responder pelas "consequências de sua política belicista".
O secretário da OEA, Luis Almagro, afirmou no Twitter que os "protestos devem ser pacíficos e democráticos (...) A desestabilização violenta de um governo democrático é sempre condenável".
Os indígenas e o governo mantêm uma queda de braço há mais de duas semanas, sem chegar a acordos para desmontar a crise.
O elevado custo de vida alimentado pelo aumento dos preços dos combustíveis levou desde 13 de junho cerca de 14 mil manifestantes às ruas, a maioria em Quito. Eles exigem medidas que aliviem o golpe econômico na produção agrícola e na cesta básica.
Marchas festivas, bloqueios de estradas, e confrontos violentos entre a força pública e os indígenas pressionam o impopular presidente Lasso, que tem apenas 17% de aprovação.
Ele reduziu os preços dos combustíveis, embora não na proporção pedida pelos manifestantes; concedeu uma moratória para dívidas de até US$ 3 mil para os camponeses e levantou o estado de exceção, sob o qual os militares deixaram os quartéis em seis das 24 províncias do país e foi imposto um toque de recolher em Quito.
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