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Presidente do Chile planeja mudança após derrota em eleições

O porta-voz do governo, Andrés Chadwick, anunciou nesta segunda-feira que o presidente mudará sua equipe antes do dia 11 de novembro


	O presidente do Chile, Sebastián Piñera, em Honolulu, em 12 de novembro de 2011: ''Espero que todos façamos uma reflexão''
 (Emmanuel Dunand/AFP)

O presidente do Chile, Sebastián Piñera, em Honolulu, em 12 de novembro de 2011: ''Espero que todos façamos uma reflexão'' (Emmanuel Dunand/AFP)

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Da Redação

Publicado em 29 de outubro de 2012 às 19h43.

Santiago do Chile - O presidente chileno, Sebastián Piñera, planeja uma reforma em seu gabinete após a derrota sofrida pelo governo no último domingo nas eleições municipais, nas quais a oposição ganhou espaço faltando um ano para as eleições parlamentares e presidenciais.

O porta-voz do governo, Andrés Chadwick, anunciou nesta segunda-feira que o presidente mudará sua equipe antes do dia 11 de novembro para substituir os ministros que queiram concorrer ao parlamento e também pode incluir aqueles com ambições presidenciais.

Outro grande protagonista nas eleições municipais foi o grande número de abstenções, que chegou a 59%, na estreia do sistema de inscrição automática e voto voluntário. Só 5.495.929 dos 13.404.084 eleitores registrados votaram.

''Espero que todos façamos uma reflexão, porque uma democracia na qual a imensa maioria não participa começa a perder força e legitimidade'', declarou hoje Piñera durante um ato público, no qual não falou sobre os resultados.

Segundo a última contagem conhecida hoje, com um 95,94% das urnas apuradas, a coligação governista ''Coalición por el Cambio'' alcançou 37,47% dos votos nas eleições de vereadores, frente aos 43,10% da oposição de centro-esquerda.

O governo perdeu municípios importantes, como o de Concepción, o segundo maior do país, e em vários pontos da capital, como Santiago Centro, Providencia, Ñuñoa, La Reina, Recoleta, Huechuraba e Independencia.

Em Santiago Centro ganhou Carolina Tohá, que foi ministra durante o governo de Michelle Bachelet (2006-2010); na Providencia triunfou uma candidata independente, Josefa Errázuriz, e em Ñuñoa a surpreendente Maya Fernández Allende, neta de Salvador Allende.

Os resultados representam um retrocesso para a coalizão conservadora, que em 2008 dominou as eleições municipais que determinou sua ascensão até a vitória nas presidenciais de 2009, as primeiras vencidas pela direita desde o retorno da democracia em 1990.


As pesquisas não anteciparam a derrota do governo, que hoje analisa em um comitê político no Palácio de la Moneda as causas desta queda e suas possíveis repercussões nas eleições parlamentares e presidenciais em novembro de 2013.

''Agora temos que cuidar das feridas'', disse o presidente do partido ''Renovación Nacional'' (RN), Carlos Larraín.

A lei obriga os ministros, que querem se candidatar a um lugar no parlamento, a deixarem seus cargos um ano antes das eleições. A data limite é 16 de novembro, mas Piñera antecipará essa decisão porque sairá no dia 11 em uma viagem de 12 dias pela Europa.

O presidente poderia aproveitar também para substituir os ministros de Obras Públicas, Laurence Golborne, e Defesa, Andrés Allamand, dois pré-candidatos presidenciais do governo, em uma tentativa de interromper o crescimento da oposição.

Piñera, com popularidade em queda desde maio de 2011 pelos protestos estudantis, não pode concorrer para um segundo mandato consecutivo de acordo com a lei chilena, e a melhor opção do governo é Golborne, que liderou o resgate dos 33 mineiros no Atacama.

Golborne é um político independente e ligado ao partido ''Unión Demócrata Independiente'' (UDI). Apoiou vários candidatos da direita nas municipais, enquanto Andrés Allamand - a segunda opção presidencial do governo e membro do RN - não interferiu na campanha.

''Isto vai ter repercussões e eventualmente acelerar a saída de Golborne do gabinete. Allamand tem hoje uma posição mais cômoda por não ter interferido nas campanhas municipais. Já Golborne fracassou'', afirmou à Agência Efe Claudio Fuentes, analista político da Universidad Diego Portales.

Os dois, além disso, representam as opções dos dois partidos da coalizão governista, que vive em atrito constante.


''Eu acho de muito mau gosto o ministro Allamand ir (no último domingo) ao Pálacio de la Moneda para tirar aplausos fáceis de uma derrota'', opinou hoje o presidente da UDI, Patrício Melero.

As análises devem esclarecer se os resultados e são um antecipação das presidenciais. ''Apesar de ser um voto local, há uma projeção para o nacional. Na campanha, Golborne e Bachelet apareciam junto com a maioria dos candidatos'', disse Claudio Fuentes.

Mas, independente de quem seja o candidato da direita, todas as pesquisas apontam Bachelet como ganhadora, apesar dela não ter dito que pretende retornar à presidência em 2014.

Bachelet não compareceu às urnas neste domingo para votar porque estava em Nova York como diretora-executiva da ONU Mulheres, mas felicitou as vencedoras Maya Fernández Allende, Carolina Tohá e Josefa Errázuriz por telefone.

Carolina foi recebida pela mãe da ex-presidente, Ángela Jeria, e por vários dos ministros do governo anterior, enquanto seus partidários a aclamavam com o grito de ''Bachelet 2014''.

Apesar da popularidade de Bachelet, a ''Concertación'', que governou o país entre 1990 e 2010, tem uma avaliação positiva de apenas 20%, por isso seu triunfo surpreendeu inclusive os dirigentes partidários, ainda imersos em um debate sobre a identidade e a orientação da coalizão de centro-esquerda. 

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