Homem com bandeira de Burkina Faso em protesto: "A transição está novamente em andamento, continuaremos com a missão que o povo nos encarregou", afirmou durante discurso (Reuters / Joe Penney)
Da Redação
Publicado em 23 de setembro de 2015 às 14h00.
Ouagadougou - O presidente do governo de transição de Burkina Faso, Michel Kafando, foi restituído oficialmente nesta quarta-feira após passar sete dias afastado do cargo por um golpe de estado da guarda nacional.
"A transição está novamente em andamento, continuaremos com a missão que o povo nos encarregou", afirmou durante discurso em cerimônia realizada em Ouagadogou para anunciar oficialmente a volta do governo.
Estiveram presentes chefes de Estado e representantes de países da Comunidade Econômica de Estados de África Ocidental (Cedeao), instituição que intermediou a crise protagonizada por militares ligados ao ex-presidente Blaise Compaoré, derrubado por uma revolta popular no final de 2104 após 27 anos de poder.
Kafando agradeceu sua participação na resolução do golpe e ressaltou que a rejeição unânime internacional que provocou é uma prova de que a transição em Burkina "está em um bom caminho".
"Esta cerimônia simboliza a continuação da transição rumo a eleições livres e pacíficas, que serão apoiadas pela Cedeao", referendou o presidente do Benin, Thomas Boni Yayi.
A restituição do governo chegou após o posicionamento do exército a favor da transição e do acordo mediado pelo bloco regional.
O presidente do Senegal, Macky Sall, já havia antecipado que o princípio de acordo - cujos termos finais ainda são desconhecidos - concedia anistia aos golpistas e permitia as candidaturas simpáticas a Compaoré nas eleições, aspiração vetada na última reforma eleitoral.
A junta golpista se comprometeu a devolver o poder ao governo de transição após um princípio de acordo que implicaria além disso adiar as eleições legislativas e presidenciais de 11 de outubro para 22 de novembro.
A guarda presidencial, corpo fiel ao ex-presidente, se levantou contra o governo de transição em 16 de setembro e tomou como reféns Kafando e os membros de seu gabinete.
Durante os últimos sete dias, o país viveu uma forte tensão civil e militar com pelo menos dez mortos em protestos da população e um ultimato do exército que deixou ao país à beira da guerra civil.