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Presidente da PDVSA será chanceler da Venezuela

Nicolás Maduro anunciou que Rafael Ramírez deixará a direção da estatal Petróleos de Venezuela para assumir o ministério das Relações Exteriores

O novo chanceler da Venezuela, Rafael Ramírez, ex-presidente da estatal PDVSA (Leo Ramírez/AFP)

O novo chanceler da Venezuela, Rafael Ramírez, ex-presidente da estatal PDVSA (Leo Ramírez/AFP)

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Da Redação

Publicado em 3 de setembro de 2014 às 11h02.

Caracas - O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, anunciou nesta terça-feira que Rafael Ramírez deixará a direção da estatal Petróleos de Venezuela (PDVSA), a quinta companhia de petróleo do mundo, para assumir o ministério das Relações Exteriores, no lugar de Elías Jaua.

"O companheiro Rafael Ramírez está assumindo a chancelaria e a vice-presidência política (...), e designei para presidente da PDVSA o companheiro Eulogio del Pino", disse Maduro em um discurso de mais de duas horas em rede nacional de rádio e TV.

Diante da falta de divisas, do desabastecimento, de um déficit fiscal imenso e da disparada da inflação, os analistas esperavam o anúncio de medidas econômicas na linha das propostas de Ramírez, que também ocupava a vice-presidência econômica.

Rafael Ramírez defende a unificação dos três tipos de câmbio oficial e o aumento da gasolina, entre outras medidas econômicas, mas o anúncio de hoje se limitou a uma espécie de "dança das cadeiras" entre os ministros.

Mas segundo Maduro, as medidas são uma "sacudida" no governo, uma "revolução dentro da revolução", para tornar o serviço público mais eficiente e combater a corrupção.

À frente da PDVSA há mais de doze anos, Ramírez é um engenheiro de 51 anos que reformulou a poderosa indústria petroleira para colocá-la a serviço do chavismo.

Durante este período, Ramírez liderou um setor fundamental para a Venezuela, que responde por 96% das divisas do país e financia o gasto público e os programas sociais do chavismo.

Para tanto, Ramírez se aproveitou da maior bonanza petroleira da história da Venezuela, mas teve que superar importantes obstáculos, como a greve geral de dois meses orquestrada na própria PDVSA, um referendo que ameaçou tirar o presidente Hugo Chávez do poder, em 2004, e a explosão de uma refinaria que deixou 42 mortos, em 2012.

Com habilidade política e retórica mais moderada em relação à oposição e aos Estados Unidos, principal cliente do petróleo venezuelano, Ramírez foi fundamental nas relações com multinacionais e dirigentes de outros países na diplomacia petroleira ordenada por Chávez, algo que lhe ajudará muito no cargo de chanceler.

Conhecido por sua capacidade de execução em meio à ineficiência e à burocracia ministerial, Ramírez conduziu a PDVSA através de um processo de expropriações de empresas como Exxon, ConocoPhillips, Shell, Eni, Chevron e CNPC, e promoveu a politização da estatal em favor da figura de Chávez.

Em 2013 - após a morte de Chávez - o presidente Maduro nomeou Ramírez para a vice-presidência da Área Econômica, encarregado, entre outras coisas, do controle do câmbio.

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