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Presidente da Coreia do Sul sofre impeachment por unanimidade

Novas eleições serão realizadas no país em até 60 dias

Park Geun-hye: presidente foi a primeira chefe de Estado a ser deposta desde que o país se democratizou, em 1987 (Baek Seung-ryeol/Yonhap/Reuters)

Park Geun-hye: presidente foi a primeira chefe de Estado a ser deposta desde que o país se democratizou, em 1987 (Baek Seung-ryeol/Yonhap/Reuters)

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EFE

Publicado em 10 de março de 2017 às 06h45.

Última atualização em 10 de março de 2017 às 12h57.

Seul - O Tribunal Constitucional da Coreia do Sul confirmou nesta sexta-feira por unanimidade a cassação da presidente do país, Park Geun-hye, aprovada originalmente pelo parlamento por causa de sua ligação com a trama de corrupção da "Rasputina".

Com a cassação, Park, que os promotores consideram suspeita no caso, perdeu sua imunidade e a Coreia do Sul é obrigada a realizar novas eleições presidenciais em até 60 dias.

A Justiça considerou que Park participou, ao lado de sua amiga Choi Soon-sil, conhecida como "Rasputina", na criação de duas fundações que foram usadas para extorquir fundos para grandes empresas e disse que violou a lei ao filtrar seus documentos confidenciais a Choi e permitir que ela interferisse nos assuntos de Estado.

Os oito juízes do Tribunal Constitucional ratificaram desta forma a cassação de Park, que assumiu a presidência em fevereiro de 2012, aprovada no início de dezembro do ano passado pelo parlamento sul-coreano.

Embora não tenha considerado ter sido o motivo para sua cassação, a mais alta corte do país achou provas de que Park negligenciou suas obrigações como chefe de Estado durante o naufrágio, em abril de 2014, do MV Sewol que deixou mais de 300 mortos, a maioria estudantes do ensino médio.

A decisão, que foi transmitida ao vivo por todas as emissoras de TVs e rádios do país, foi tornada pública em um ambiente marcado pelo forte dispositivo de segurança ativado em Seul para evitar confrontos entre os seguidores e opositores de Park Geun-hye.

Mais de 21,6 mil agentes isolam a máxima instância judicial sul-coreana, a Casa Azul, a sede da presidência e outros edifícios governamentais da capital por causa das manifestações contrárias e favoráveis a Park convocadas para hoje.

Milhares de simpatizantes dos dois lados tomaram a Avenida Sejong para celebrar ou condenar o veredicto, e alguns partidários de Park tentaram romper a força os cordões policiais.

Desde que o escândalo começou a sacudir o país, no ano passado, a avenida foi palco de enormes manifestações que pediam a saída de Park e que chegaram a reunir mais de 2 milhões de pessoas.

Especialistas apontam que as eleições presidenciais, onde o favorito é o candidato liberal Moon Jae-in, devem ser realizadas no dia 9 de maio.

O veredicto de hoje representa a primeira destituição de um chefe de Estado e a primeira antecipação do pleito na Coreia do Sul, desde que o país voltou a realizar eleições democráticas em 1987 após o mandato de duas juntas militares (uma das quais liderou o general Park Chung-hee, pai de Park Geun-hye).

A maioria dos sul-coreanos mostrou ser favor a cassação de Park, segundo diversas pesquisas divulgadas pela agência nacional "Yonhap", que apontam um apoio popular de 70% para a decisão de hoje.

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