(Ulli Michel/Getty Images)
EFE
Publicado em 19 de maio de 2019 às 09h48.
Viena - O presidente da Áustria, Alexander Van der Bellen, propôs neste domingo a realização de eleições antecipadas no início de setembro, após a ruptura da coalizão de conservadores e ultranacionalistas que governa o país desde dezembro de 2017.
"Dados os prazos estabelecidos pela Constituição, advogo por eleições em setembro, se possível no início de setembro", declarou Van der Bellen em um breve pronunciamento à imprensa na sede presidencial junto ao chanceler federal, Sebastian Kurz.
O chefe de Estado e o chefe de governo tiveram antes uma reunião para tratar os próximos passos após a grave crise suscitada na república alpina na sexta-feira pela divulgação de um vídeo comprometedor para o vice-chanceler e líder dos ultranacionalistas, Heinz-Christian Strache, que renunciou ontem.
"Perdi a confiança em parte do governo", disse Van der Bellen após reiterar sua visão manifestada já na noite de sábado, de que o ocorrido "não reflete o que é a Áustria".
O presidente se referiu assim ao terremoto político causado pelo conteúdo do vídeo, gravado com câmeras escondidas em julho de 2017 em uma casa da ilha de Ibiza, na Espanha, onde Strache se mostra disposto a cometer atos de corrupção e traça passos concretos para controlar a imprensa nacional.
Nesse sentido, o presidente austríaco acrescentou que as saídas do vice-chanceler e do chefe do grupo parlamentar do ultranacionalista Partido Liberal (FPÖ), Johann Gudenus, que também aparece no vídeo, "eram necessárias e imprescindíveis".
"Agora é preciso fazer todo o possível para recuperar a confiança (...) tão rápido como permita a Constituição", completou o líder ecologista, que lembrou que a Áustria, da mesma forma que os demais membros da União Europeia (UE), está na reta final da campanha para as eleições europeias.
"Temos ainda uma semana de campanha eleitoral ao Parlamento Europeu e depois meses de negociações intensas na UE, importantes para o futuro da União. Nesse período, a Áustria tem que estar em condições de atuar como sócio confiável na UE", ressaltou.
Van der Bellen disse também que, após abordar hoje com Kurz "diferentes possíveis cenários" de como continuará o governo na Áustria até a formação de um novo Executivo surgido das urnas, fará consultas a respeito com os líderes dos demais partidos políticos nos próximos dias.
Por sua parte, Kurz expressou sua vontade de continuar sendo chefe de governo, razão pela qual voltou a pedir a confiança do eleitorado.
Os observadores políticos e a imprensa austríaca especulam a possibilidade de que os atuais ministros do FPÖ, especialmente os titulares de Interior, Defesa e Justiça, sejam substituídos por técnicos no que já é o governo interino liderado por Kurz.