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Presidente alemão pede perdão aos poloneses pela 2ª Guerra Mundial

Frank-Walter Steinmeier participou de cerimônia em Wielun, pequena cidade do país do leste europeu, e se desculpou pelo "crime contra a humanidade"

O chefe de Estado alemão se desculpou em cerimônia na Polônia (Faisal al-Tamimi/AFP)

O chefe de Estado alemão se desculpou em cerimônia na Polônia (Faisal al-Tamimi/AFP)

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AFP

Publicado em 1 de setembro de 2019 às 09h28.

O presidente da Alemanha, Frank-Walter Steinmeier, pediu neste domingo perdão às vítimas da agressão alemã de 1939, durante uma cerimônia em Wielun, pequena cidade da Polônia que foi alvo das primeiras bombas da Segunda Guerra Mundial.

"Me inclino diante das vítimas do ataque de Wielun. Me inclino diante das vítimas polonesas da tirania alemã. E peço perdão", afirmou Steinmeier, em alemão e polonês, na presença, entre outros, do presidente da Polônia, Andrzej Duda.

A Polônia foi duramente afetada pelos horrores da Segunda Guerra Mundial, quando perdeu seis milhões de habitantes, metade deles judeus.

"Foram os alemães que cometeram um crime contra a humanidade na Polônia. Quem quiser fingir que acabou, que o reinado do terror nacional-socialista sobre a Europa é um acontecimento marginal da história alemã, julga a si mesmo", destacou Steinmeier.

O chefe de Estado parecia fazer referência à extrema-direita alemã. Um dos líderes do movimento, Alexander Gauland, afirmou recentemente que os anos do Terceiro Reich foram apenas um "excremento de ave" em um milênio alemão glorioso.

"Não vamos esquecer. Queremos lembrar e vamos lembrar", acrescentou Steinmeier.

O presidente polonês Andrzej Duda afirmou que o fatídico ataque que iniciou a Segunda Guerra Mundial em Wielun no dia 1 de setembro de 1939 foi um "ato de barbárie e um crime de guerra".

Duda também agradeceu a presença de Steinmeier em Wielun: "Estou convencido de que esta cerimônia entrará para a história da amizade polonesa-alemã".

Fumaça, barulho, explosões

Após a cerimônia, os chefes de Estado deveriam visitar o museu de Wielun e se reunir com sobreviventes do ataque alemão em 1939.

A agressão alemã começou com os bombardeios navais à guarnição de Westerplatte, na costa del Báltico, e aéreos à pequena cidade de Wielun. O ataque aconteceu uma semana depois da assinatura de um pacto secreto, o chamado acordo Ribbentrop-Molotov, entre a Alemanha nazista e a União Soviética para dividir a Europa entre ambas.

A Segunda Guerra Mundial deixaria entre 40 e 60 milhões de mortos, incluindo seis milhões de judeus, a maioria vítimas do Holocausto cometido pelos nazistas alemães.

No horário da cerimônia entre Duda e Steinmeier, o primeiro-ministro polonês Mateusz Morawiecki e o vice-presidente da Comissão Europeia, Frans Timmermans, estiveram em Westerplatte para recordar o combate desesperado de um pequeno grupo de poloneses na cidade de Gdansk, bombardeada por um navio de guerra alemão.

Timmermans ressaltou a necessidade de demonstrar gratidão por aqueles que lutaram pela liberdade e insistiu que "trabalhar pela tolerância é algo bom".

Durante a tarde deste domingo, precedido por Duda e Steinmeier, está previsto um discurso do vice-presidente americano Mike Pence na praça Pilsudski, em Varsóvia, diante da estátua do soldado desconhecido.

A Alemanha é atualmente aliada da Polônia na Otan e na União Europeia, assim como o principal sócio econômico do país, mas para o governo conservador nacionalista de Varsóvia alguns problemas herdados do passado ainda esperam uma solução definitiva, mais concretamente as reparações de guerra.

Uma comissão parlamentar trabalha atualmente em uma nova estimativa das perdas sofridas pela Polônia, que o Executivo de Varsóvia deseja apresentar a Berlim. Para o governo alemão, no entanto, a questão está encerrada há muito tempo.

"Temos que falar sobre estas perdas, exigir a verdade e a compensação", destacou Morawiecki neste domingo.

A chanceler Angela Merkel deve comparecer à cerimônia em Varsóvia, ao contrário do presidente francês Emmanuel Macron e do primeiro-ministro britânico Boris Johnson. O presidente russo Vladimir Putin não foi convidado em consequência da anexação da Crimeia e do conflito separatista na Ucrânia.

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