Soldado americano no Afeganistão: presidente do país quer que tropas dos EUA permaneçam além de 2016 (Brandon Aird / U.S. Army / Wikimedia Commons)
Da Redação
Publicado em 21 de março de 2015 às 11h36.
Cabul - O presidente afegão, Ashraf Gani, viaja neste sábado pela primeira vez a Washington na busca de uma presença mais prologada das tropas dos Estados Unidos no país asiático e da manutenção da ajuda econômica americano.
Gani viaja acompanhado do chefe do governo de Afeganistão, Abdullah Abdullah, cujo porta-voz, Javid Faiçal, assegurou à Agência Efe que o presidente "quer que as tropas americanas permaneçam além de 2016 ou pelo menos estendam sua missão para ajudar as Forças de Segurança afegãs".
A visita oficial de quatro dias inclui reuniões com o presidente, Barack Obama, e com o secretário de Estado dos Estados Unidos, John Kerry, um discurso de Gani perante o Congresso americano, e encontros com responsáveis da Otan e do Banco Mundial.
A viagem ocorre depois que no mês passado o secretário de Defesa americano, Ashton Carter, em sua primeira visita ao exterior, anunciou em Cabul que o governo de seu país repensará a missão e o número de tropas de acordo com a situação no Afeganistão.
Os Estados Unidos prevêem reduzir este número à metade no final 2015, com o que manteria cerca de 5,5 mil militares, para reduzi-lo ao término de 2016 a apenas mil necessários para a segurança da embaixada em Cabul.
"Ainda necessitamos do apoio técnico e financeiro de nossos aliados estrangeiros para nossas Forças de Segurança, em diferentes aspectos", afirmou o porta-voz.
O Exército e a Polícia afegãos contam com cerca de 350 mil efetivos que no ano passado assumiram o comando da luta contra os insurgentes, uma vez que a missão de combate da Otan, a Isaf, terminou em 2014 para dar passagem em 2015 à operação Apoio Decidido de assistência e capacitação das forças locais.
Em sua primeira visita aos Estados Unidos após chegar ao poder em setembro, Gani também pretende recuperar as relações com Washington, que "ficaram congeladas quase a zero com -seu antecessor- Hamid Karzai", assegurou Faiçal.
O atual presidente assinou com os Estados Unidos e com a Otan após tomar posse os acordos de segurança que Karzai rejeitou renovar.
A manutenção da ajuda financeira americana é outro dos objetivos principais da viagem, declarou à Agência Efe o analista e professor da Universidade de Nangarhar (leste), Ebadullah Nassiry.
"O apoio dos Estados Unidos como principal doador e aliado é crucial para o Afeganistão, principalmente quando o governo afegão é pela primeira vez nos últimos 14 anos responsável pela segurança totalmente em todo o país sem o suporte militar direto das tropas da Otan", manifestou este analista.
Nassiry destacou, além disso, que o Afeganistão enfrenta uma série de desafios econômicos durante o último ano e "o governo está encarando problemas como o pagamento dos salários de seus empregados".
"O trabalho de vários projetos de desenvolvimento está parado devido à falta de orçamento e o governo afegão necessita buscar a ajuda econômica dos Estados Unidos", concluiu.