Ashraf Gani: é o segundo cessar-fogo em 17 anos de conflito (Omar Sobhani/Reuters)
EFE
Publicado em 19 de agosto de 2018 às 16h34.
Cabul - O presidente do Afeganistão, Ashraf Gani, anunciou neste domingo um cessar-fogo de três meses com os talibãs a partir de amanhã com a condição de que os insurgentes façam o mesmo, no que seria o segundo cessar-fogo em 17 anos de conflito.
"Anunciamos um cessar-fogo que terá efeito a partir de amanhã, segunda-feira, o Dia de Arafa (segundo dia de peregrinação à Meca), até o dia do nascimento do profeta, Milad-un-Nabi, desde que os talibãs façam o mesmo", disse o líder.
"Pedimos à cúpula dos talibãs que aprove os desejos dos afegãos para uma paz duradoura e real e que se preparem para conversas de paz, de acordo com os valores e princípios islâmicos", pediu Gani.
A medida, que valerá de 20 de agosto a 20 de novembro, se for aceita pelo grupo insurgente, foi anunciada por ocasião da festividade muçulmana do Eid al-Adha ou "Festa do Sacrifício ", que será celebrada na quarta-feira.
O presidente afegão afirmou que a decisão foi tomada para satisfazer diferentes setores da sociedade, como políticos, mulheres e ativistas, que tinham pedido um segundo cessar-fogo depois que o Governo implementou um unilateral em junho por causa do final do Ramadã.
Aquela medida coincidiu durante três dias com uma similar dos talibãs e deu lugar a imagens nunca vistas desde a invasão americana em 2001, com insurgentes e membros das forças de segurança abraçando-se e rezando juntos.
O anúncio acontece um dia depois do líder dos talibãs, o mulá Haibatullah, ter renovasse ontem sua chamada aos Estados Unidos para que o país se sente à mesa de negociação com o grupo insurgente.
Em fevereiro, os talibãs chamaram pela primeira vez os Estados Unidos a dialogar diretamente através do escritório no Catar, em mensagem incomum e após reiteradas expulsões a qualquer conversa com o Governo de Cabul e seus aliados internacionais.
Os talibãs fizeram um contato inicial com o Governo afegão no Paquistão em julho de 2015, mas o processo ficou suspenso poucos dias depois ao ser divulgada a morte do fundador do movimento insurgente, o mulá Omar, dois anos antes. EFE