Imigração: segundo dados oferecidos pelas Nações Unidas, 2,3 milhões de venezuelanos fugiram do país desde 2014 (Daniel Tapia/Reuters)
EFE
Publicado em 15 de agosto de 2018 às 16h17.
Nações Unidas - A ONU reiterou nesta quarta-feira sua preocupação com o êxodo de venezuelanos como consequência da crise e encorajou os governos de todo o mundo a doar fundos aos mecanismos que a organização internacional implementou para apoiar os países vizinhos.
Segundo as Nações Unidas, seu secretário-geral, António Guterres, continua "preocupado" com a situação na Venezuela e o impacto na região.
"A falta de um acordo político na Venezuela está tendo um impacto humanitário imediato nos próprios venezuelanos", ressaltou o porta-voz de Guterres, Stéphane Dujarric, em sua entrevista coletiva diária.
Além disso, Dujarric indicou que a saída maciça de pessoas com destino a países vizinhos está gerando "pressão" nesses Estados.
"Obviamente a chegada de grandes números de civis a qualquer país causa um peso", afirmou o porta-voz, que lembrou que a ONU está dando apoio aos mais afetados.
Com esse objetivo, a Organização Internacional para as Migrações (OIM) e a Agência de Refugiados para as Nações Unidas (Acnur) lançaram este ano campanhas para arrecadar US$ 32 e 46 milhões, respectivamente.
Esse dinheiro será utilizado pelas duas agências da ONU para oferecer apoio aos governos e às comunidades que estão acolhendo os venezuelanos que deixam o país.
A própria ONU destinou US$ 6,2 milhões de seu Fundo Central de Resposta a Emergências para apoiar as atividades da OIM e da Acnur.
Países como os EUA, por outro lado, optaram por doar individualmente a alguns dos países afetados como a Colômbia.
Segundo dados oferecidos ontem pelas Nações Unidas, 2,3 milhões de venezuelanos fugiram do país desde 2014, e se dirigiram principalmente para Colômbia, Equador, Peru e Brasil.
A maior parte dos emigrados, segundo a ONU, citam a falta de alimentos como a principal razão para deixar a Venezuela.
Hoje, autoridades equatorianas discutiram com agências da ONU e outras entidades a possibilidade de criar um corredor humanitário entre a ponte internacional de Rumichaca, na fronteira com a Colômbia, até a de Huaquillas, na divisa com o Peru, para facilitar a mudança de milhares de venezuelanos que buscam chegar ao território peruano.
Ao ser perguntado a respeito, Dujarric não quis se pronunciar por não ter detalhes e disse que a OIM e a Acnur estão trabalhando com os países para ver a melhor forma de organizar e ajudar os venezuelanos.
O porta-voz das Nações Unidas também foi questionado pela detenção do deputado opositor Juan Requesens, acusado do atentado contra o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, e que perdeu sua imunidade parlamentar.
Dujarric, em resposta, afirmou que a ONU acredita que qualquer investigação deve ser realizada de acordo com as normas aceitas no país.