Chimamanda Ngozi Adichie é uma das favoritas para a próxima edição do prêmio (Stephane Cardinale - Corbis / Colaborador/Getty Images)
Estadão Conteúdo
Publicado em 3 de outubro de 2021 às 09h07.
Última atualização em 3 de outubro de 2021 às 09h07.
O prêmio Nobel de Literatura, que deverá ser anunciado na quinta-feira, 4, em Oslo, na Noruega, poderá privilegiar um autor fora do tradicional mercado literário. Com exceção do vencedor britânico de 2017, Kazuo Ishiguro, que nasceu no Japão, todos os laureados dos últimos nove anos foram europeus ou norte-americanos, de Bob Dylan a Peter Handke ou a condecorada poeta americana do ano passado, Louise Glück.
"Acho que eles querem descobrir um gênio de um lugar que foi marginalizado até agora. Poderíamos chamá-lo de colonialismo positivo", disse Jonas Thente, crítico literário do diário sueco Dagens Nyheter, à agência France Presse, referindo-se à nigeriana Chimamanda Ngozi Adichie.
Outras apostas indicam o sul-coreano Ko Un, o queniano Ngugi wa Thiong'o e o chinês Can Xue, além de alguns estreantes como o indiano Vikram Seth, o moçambicano lusófono Mia Couto e o oponente chinês Liao Yiwu.
Em uma época que questiona o pós-colonialismo, também são citadas a caribenha-americana Jamaica Kincaid e a francesa da Ilha de Guadalupe Maryse Condé.
O japonês Haruki Murakami, sempre citado e nunca premiado, seguirá os passos do americano Philip Roth, que morreu sem o Prêmio Nobel?
Na Europa, a russa Ludmila Ulitskaya, o húngaro Peter Nadas, o francês Michel Houellebecq e o albanês Ismaël Kadaré voltam a figurar entre os favoritos, assim como as canadenses Anne Carson e Margaret Atwood e as americanas Joyce Carol Oates e Joan Didion.
Como no ano passado, por conta da covid, o vencedor receberá seu prêmio em seu país de residência.
Em uma recente avaliação feita entre os ganhadores ao longo dos anos, percebeu-se que o Nobel de Literatura é notadamente masculino: apenas 13,7% dos eleitos são mulheres.
Mas há outros fatores ainda que têm contribuído para que prêmio seja cercado de controvérsias. Em 2017, o marido de uma afiliada foi acusado e depois condenado a dois anos de prisão por abuso sexual, a participação de sua mulher em esquemas de vazamentos de nomes para casas de apostas foi revelada e diversos membros deixaram seus postos na entidade, que foi reformulada.
Em 2019, o então presidente Anders Olsson deu inúmeras entrevistas dizendo que a Academia sabia do seu histórico díspar em relação a gênero e raça, bem como em estar largamente concentrada em autores europeus - para então no mês seguinte dar o prêmio a dois escritores europeus, um deles, Peter Handke, um autor austríaco igualmente admirado pelos seus escritos cerebrais e odiado por seu apoio ao genocídio na Bósnia na Guerra da Sérvia.
O escritor e dramaturgo foi alvo de críticas por ter discursado no funeral de Milosevic em 2006, depois que o líder sérvio morreu detido em Haia, enquanto enfrentava julgamento por crimes de guerra.
(COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)