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Premiê romeno quer permanecer no poder apesar de protestos

Embora o premiê tenha revogado o decreto que provocou a mobilização, os manifestantes continuam a pressionar o governo

Sorin Grindeanu: premiê está na linha de frente para enfrentar manifestações jamais vistas na Romênia desde 1989 (Stoyan Nenov/Reuters)

Sorin Grindeanu: premiê está na linha de frente para enfrentar manifestações jamais vistas na Romênia desde 1989 (Stoyan Nenov/Reuters)

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AFP

Publicado em 8 de fevereiro de 2017 às 13h37.

Última atualização em 8 de fevereiro de 2017 às 13h37.

O primeiro-ministro romeno, Sorin Grindeanu, que enfrenta há uma semana uma contestação popular sem precedentes, declarou nesta quarta-feira estar determinado a permanecer no poder, apesar dos pedidos de renúncia.

Embora o premiê tenha revogado o decreto que provocou a mobilização de meio milhão de pessoas, um texto que descriminalizava crimes de corrupção, os manifestantes continuam a pressionar o governo.

"Temos um dever para com a confiança conquistada nas urnas, o dever de continuar a governar", afirmou Grindeanu durante o debate sobre uma moção de censura apresentada pela oposição liberal.

Com uma maioria no Parlamento, com seu Partido Social-Democrata (PSD), Grindeanu, de 43 anos, não deve ter dificuldades em permanecer no cargo, segundo analistas. A votação deverá acontecer na parte da tarde.

No cargo há um mês, o primeiro-ministro criticou duramente o presidente de centro-direita Klaus Iohannis, que pediu aos social-democratas que "encontrem um caminho para sair da crise", sugerindo a renúncia do executivo.

"Uma coisa que ficou clara no discurso do presidente: o seu forte desejo de instalar rapidamente o 'seu' governo", disse o primeiro-ministro.

Com pouca experiência política, Grindeanu está na linha de frente para enfrentar manifestações jamais vistas na Romênia desde 1989.

O Executivo social-democrata tentou apagar o incêndio no domingo, ao suspender o decreto de urgência que teria permitido a vários políticos se livrar da Justiça.

Entre outras coisas, o decreto aprovado pelo governo na terça-feira passada estabelecia um mínimo de 44.000 euros para poder começar a perseguir os crimes financeiros e reduzia as penas de prisão por corrupção.

O líder do PSD, Liviu Dragnea, reiterou nesta quarta-feira seu apoio a Grindeanu, mas admitiu que apenas a revogação do decreto não seria suficiente.

"O governo compreendeu a mensagem dos manifestantes. Outras medidas serão implementadas para acabar com o conflito provocado por uma má comunicação", assegurou, sem dar maiores detalhes.

Disputa

Dragnea, igualmente chefe da Câmara dos Deputados, cristaliza a ira dos manifestantes, para os quais encarna uma classe política sem credibilidade. Uma condenação por fraude eleitoral impediu que disputasse o cargo de primeiro-ministro, e agora enfrenta uma acusação de empregos fantasmas.

A moção de censura apresentada pelos 123 deputados do Partido Nacional Liberal (PNL) e da União Salve a Romênia (USR) insta o governo "a não legalizar o roubo".

"Os romenos não querem que políticos corruptos sejam perdoados e protegidos pela justiça. Legislar para interesses pessoais só enfraquece o Estado de Direito e a nação", critica o texto.

Como o presidente Iohannis, muitos manifestantes afirmam que o PSD tem que encontrar uma solução para acabar com esta crise, sem que para isso convoque novas eleições.

"O governo de Grindeanu deve partir, mas há pessoas qualificadas dentro do PSD para formar outro governo", disse à AFP uma manifestante, Luminita Dobrescu, 64 anos, que trabalhou no governo local.

"Nós respeitamos o resultado das eleições. Nós queremos um governo competente e limpo", proclamava na terça-feira à noite um cartaz de várias dezenas de metros de comprimento.

Os partidários dos social-democratas, que têm uma base eleitoral sólida nas zonas rurais, também começaram a se mobilizar. Pelo quarto dia consecutivo, eles devem reunir-se em frente ao palácio presidencial, onde acusam o chefe de Estado de "semear a discórdia" incentivando protestos contra o governo.

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