O premier da Tunísia, Hamadi Jebali: segundo Jebali, um acordo sobre esta nova fórmula poderá ser alcançado "nos próximos dias" (AFP/ Gianluigi Guercia)
Da Redação
Publicado em 18 de fevereiro de 2013 às 21h40.
Túnis - O primeiro-ministro tunisiano, Hamadi Jebali, anunciou esta segunda-feira o fracasso de sua iniciativa de formar um governo de tecnocratas, mas não anunciou sua demissão, indicando que pode haver, em breve, outro compromisso sobre a composição do Executivo.
"A iniciativa, tal como a apresentei, isto é, um governo composto por membros não pertencentes a partidos políticos (...) não teve consenso", disse Jebali após reunir-se com os líderes dos partidos, uns quinze. O premier disse, no entanto, que existe a possibilidade de "outra forma de governo".
"Irei amanhã (terça-feira) ver o presidente (Moncef Marzouki) para discutir os próximos passos, mas eu apreciei progressos durante as discussões políticas na busca de um consenso em torno de uma outra solução", acrescentou.
Segundo Jebali, um acordo sobre esta nova fórmula poderá ser alcançado "nos próximos dias", atrasando mais uma vez a agenda de reformas.
O primeiro-ministro considerou que, apesar do fracasso, a iniciativa conseguiu "reunir todos em torno de uma mesa" e evitar que o país "caia no desconhecido."
Hamadi Jebali anunciou sua intenção de formar um gabinete de tecnocratas em 6 de fevereiro, o dia do assassinato do opositor Chokri Belaid, cuja morte desencadeou uma onda de violência e exacerbou a profunda crise política que existia no país.
Para tanto, ele precisou enfrentar a oposição de seu próprio partido, o Ennahda, que considerava que esta iniciativa questionava sua legitimidade conquistada nas urnas. Jebali prometeu renunciar caso o projeto fracassasse.
O líder do partido islamita Ennahda, Rashed Ghannushi, explicou que a reunião desta segunda-feira permitiu pelo menos obter um acordo sobre a ideia de criar "um governo restrito, encarregado de trabalhar na realização de eleições o quanto antes".
Aziz Krishen, representante do partido do presidente, Congresso pela República, defendeu "um governo misto", com personalidades políticas e tecnocratas.
Segundo Ghannushi, os quinze partidos representados - islamitas, oposição laica e aliados laicos do Ennahda - estavam de acordo em manter Jebali como premier.
A proposta do chefe de governo, bem recebida pela oposição e a sociedade civil, foi perdendo terreno pouco a pouco na classe política, diante da oposição do Ennahda, o principal partido do país, e do Congresso pela República.
Além da interminável crise política, a redação da Constituição continua atravancada, na falta de um compromisso sobre a natureza do futuro regime. Por este motivo, por enquanto não se pode organizar nenhuma eleição.