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Prejuízo com Harvey é estimado em US$ 42 bilhões

Enquanto nesta terça-feira as autoridades ainda estão focadas em resgatar sobreviventes, as consequências da tempestade começaram a ser analisadas

Furacão Harvey: o Texas representa cerca de 9% do PIB (Adrees Latif/Reuters)

Furacão Harvey: o Texas representa cerca de 9% do PIB (Adrees Latif/Reuters)

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AFP

Publicado em 29 de agosto de 2017 às 18h07.

Os danos causados pelo furacão Harvey podem colocá-lo entre as cinco tempestades "mais caras" do Estados Unidos, com barragens e diques destruídos que antecipam mais prejuízos, segundo dados publicados nesta terça-feira.

Uma estimativa dos custos e prejuízos totais disparou durante a noite de 30 para 42 bilhões de dólares, já que as inundações começaram a atingir Luisiana e as medidas de controle de alagamentos ficaram sobrecarregadas, de acordo com Chuck Watson, fundador da empresa de modelagem para previsão de desastres Enki Research.

Enquanto nesta terça-feira as autoridades ainda estão focadas em resgatar sobreviventes, as consequências da tempestade - e o quanto irá perdurar nas economias do Texas e dos Estados Unidos - começaram a ser analisadas.

"Se o Harvey fosse um furacão normal, provavelmente custaria quatro bilhões de dólares", disse Watson à AFP. "Seria trágico para as pessoas atingidas, mas não estaríamos falando de seu efeito na macroeconomia".

No entanto, com 42 bilhões de dólares de perdas econômicas, o Harvey se mostra tão danoso quanto o furacão Ike, que atingiu o Texas e partes do Caribe com um custo de US$ 43 bilhões em 2008, e o furacão Wilma, que varreu a América do Norte em 2005 com um custo de quase US$ 38 bilhões, segundo as estimativas de Watson.

E esta cifra pode aumentar.

Segunda economia dos EUA

O Texas, centro de energia do país com uma produtividade anual de 1,6 trilhão de dólares, representa cerca de 9% do PIB - a segunda maior economia do país, depois da Califórnia, e maior do que a de Canadá e Coreia do Sul.

A Goldman Sachs estimou na segunda-feira que os prejuízos com Harvey somente no setor energético podem diminuir em 0,2 ponto percentual o crescimento do PIB americano no terceiro trimestre de 2017.

"No entanto, enfatizamos que o impacto global do furacão no crescimento do segundo semestre ainda é incerto", afirmaram os analistas em nota.

E, apesar das perdas, observam que "os efeitos negativos provavelmente serão compensados por um aumento nos investimento nos negócios e na construção civil após a passagem da tempestade".

A Costa do Golfo do Texas foi devastada pelo furacão mais poderoso a atingir o estado desde 1961, fechando plataformas de petróleo e refinarias, incluindo o gigante complexo de Baytown, da ExxonMobil.

E de acordo com Barclays, no início desta terça, cerca de 40% da capacidade petroquímica dos Estados Unidos estava desconectada ou em processo de desligamento.

Além dos produtores de petróleo e gás, o Texas abriga muitas empreiteiras, fabricantes de peças de informática, manufatureiros e um grande setor de gado, algodão, grãos e frutas.

Desastres naturais como inundações e furacões podem causar desemprego em cidades inteiras, interromper a cobrança de impostos e o fornecimento de alimentos e combustíveis por meses, aumentar os custos e reduzir a demanda em outros lugares.

Os esforços de reconstrução após grandes desastres podem, em última instância, impulsionar as economias locais, enquanto as pessoas se mobilizam para limpar, consertar casas e outras infraestruturas, de forma a auxiliar no crescimento do número de empregos.

Mas, de acordo com o Instituto de Informações de Seguros, apenas 12% dos proprietários em áreas de enchentes contaram com a cobertura de seguro contra inundações em 2016. Na parte sul a cifra subiu para 14%.

Mínima cobertura de seguros

"É realmente uma situação devastadora, não apenas da perspectiva climática, mas da financeira para essas pessoas", declarou à AFP Loretta Worters, porta-voz do instituto.

As pessoas que não têm seguro podem estar em ruínas sem a assistência do governo, disse.

"Seria uma perda total para elas".

Worters assinala que a indústria de seguros atualmente conta com um superávit de 700 bilhões de dólares, podendo atender a esta situação de forma confortável.

Mas Watson, da Enki Research, disse que os mapas do país que mostram as áreas propensas a inundações - onde os proprietários geralmente são obrigados a ter seguro contra alagamentos - são imprecisos e obsoletos, o que significa que o número de segurados contra danos causados pelo Harvey é mínimo.

"Nossa estimativa inicial é que dois terços das inundações tenham ocorrido foram das zonas propensas" a alagamentos, afirmou.

A recuperação será especialmente complicada para os mais pobres, cuja renda é interrompida a partir do momento em que não podem trabalhar.

"Não estão sendo pagos, as contas estão empilhando, suas casas estão destruídas", disse Watson. "É aí que o verdadeiro desastre humanitário vai acontecer".

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