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Prejudicado, Ciro pode atrapalhar aliança PT-PSB

Numa tensa reunião com seus correligionários, na tarde de quinta-feira, o deputado federal foi posto contra a parede

Na próxima terça-feira, data de reunião de sua Executiva Nacional, o PSB declarará fim da candidatura (.)

Na próxima terça-feira, data de reunião de sua Executiva Nacional, o PSB declarará fim da candidatura (.)

DR

Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 04h10.

No começo da noite de quinta-feira, a cúpula do PSB fez sua escolha entre uma candidatura própria à presidência e um arranjo eleitoral mais amplo com o PT de Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff. A opção recaiu sobre a segunda alternativa, e as conseqüências se farão sentir pelas próximas semanas.

O grande derrotado, obviamente, é o cearense Ciro Gomes, que ambicionava concorrer ao Planalto pela legenda. Numa tensa reunião com seus correligionários, na tarde de ontem, ele foi posto contra a parede. Apresentaram-lhe planilhas que demonstram que, na prática, a desidratação de sua candidatura, detectada em pesquisas recentes, é irreversível. Mas Ciro foi irredutível.

Depois do embate, ele, que na semana passada já havia criticado o PSB em sua página pessoal na internet, reiterou a pretensão de disputar as eleições numa dura nota pública. "Ciro afirma que continua candidato. Se o partido decidir por não apresentar candidatura própria, que assuma o ônus da decisão", diz o texto. E é isso mesmo que deve acontecer: na próxima terça-feira, data de reunião de sua Executiva Nacional, o PSB assumirá o ônus pela morte da candidatura, de olho em um novo projeto que começou a ser negociados ontem mesmo, num encontro com Lula. Ao mesmo tempo, as lideranças do PSB trabalharão para evitar que Ciro - com seu temperamento, digamos, forte - parta para o ataque.

Riscos 
"A questão política do momento não é mais se ele será ou não candidato, mas o que Ciro irá fazer", diz o cientista político Luciano Mattos Dias. Para ele, além de dar declarações explosivas, o deputado pode atuar nos bastidores para atrapalhar os planos de seu prtido ou a candidatura de Dilma â presedência.

Ciro é um dos principais líderes políticos do Nordeste. Em 2006, ele teve 667 mil votos na campanha a deputado federal, e ajudou a eleger outros candidatos. A coligação PSB/PT/PMDB/ PP acabou com 13 dos 22 deputados eleitos no Ceará. "Se Ciro não fizer absolutamente nada publicamente pró-Dilma, seus correligionários entenderão o recado. Governar no Brasil é fazer coalizões e acomodar interesses de grupos", afirma Dias.

    <hr>                                     <p class="pagina">Ao PSB não interessa bater de frente com o PT, seu principal aliado no  Nordeste. Atualmente, o partido governa Ceará, Pernambuco, Rio Grande do  Norte e Piauí. Nas eleições deste ano, tem candidatos competitivos em  quatro estados: Espírito Santo, Piauí, Paraíba e Amapá. No Piauí, por  exemplo, o PSB quer sacramentar o apoio do PT à campanha de Wilson  Martins, que assumiu a cadeira no começo deste mês, com a saída do  petista Wellington Dias para campanha ao Senado.<br> <br> Outra preocupação do partido de Ciro é a manutenção de cargos num  eventual governo de Dilma Rousseff. Atualmente, o grande feudo do  partido na administração federal é a secretaria dos Portos, criada em  2007. Seu titular é Pedro Brito, que tem status de ministro e foi sub de  Ciro Gomes na Integração Nacional. Segundo dados do Siafi (sistema de  acompanhamento de gastos do governo), a secretaria teve 1,5 bilhão  de reais autorizados para 2010, dos quais 300 milhões de reais foram empenhados  (reservados para gastos) até abril. Alguns setores do PT procuram minar o  poder do PSB nos portos. Os dois partidos começaram o ano em atrito em  São Paulo -  por conta de uma disputa pelo controle de diretorias nos  terminais de Santos.<br> <br> <strong>Cabeça na bandeja </strong><br>Para Octaciano Nogueira, professor da UNB, Ciro  cometeu um erro ao aceitar mudar seu título de eleitor para São Paulo.  Agora, o deputado só poderá concorrer à Câmara Federal por São Paulo,  local onde não tem raízes políticas.<br> <br> "Ciro foi cozinhado em fogo lento pelo Lula e pelo seu próprio partido.  Ele jurou que não voltaria a ser deputado federal. O grande erro foi  esse - e ele é o único prejudicado, já que seus votos vão para Serra,  Dilma e Marina. Pode-se dizer que o Lula serviu a cabeça dele de bandeja  aos adversários", diz Nogueira. O professor da UNB diz ainda que  possíveis ataques a Lula, Dilma ou ao próprio PSB podem reforçar a  imagem de político cabeça quente. "O Ciro não é um político de perfil  tranquilo e conciliador. Ele é veemente e, às vezes, falta-lhe  serenidade. Ele tem convicções muito firmes e não volta atrás", diz.<br><br>Confira outras matérias sobre <a href="http://portalexame.com/tags/ciro-gomes1.shtml"><strong>Ciro Gomes</strong></a> e acompanhe a cobertura completa das <a href="http://portalexame.com/economia/eleicoes-2010/"><strong>eleições 2010</strong></a>. </p>        
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