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Prefeito de Miami quer suspender voos do Brasil por risco de coronavírus

Segundo o prefeito da cidade americana, a medida seria necessária por causa do alto número de casos de covid-19 no Brasil

Aeroporto de Miami: o prefeito da cidade é a favor de suspender os voos do Brasil (Eva Marie Uzcategui Trinkl/Anadolu Agency/Getty Images)

Aeroporto de Miami: o prefeito da cidade é a favor de suspender os voos do Brasil (Eva Marie Uzcategui Trinkl/Anadolu Agency/Getty Images)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 10 de maio de 2020 às 11h31.

Última atualização em 11 de maio de 2020 às 17h09.

As recentes declarações do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de que o Brasil tem alto número de mortes, sinalizaram a empresários e autoridades americanas ligadas à comunidade brasileira que o avanço da pandemia no Brasil preocupa.

Na semana passada, ao receber na Casa Branca o governador da Flórida, Ron De Santis, Trump perguntou se seria necessário suspender os voos do Brasil. A hipótese já tinha sido levada ao presidente antes, por um outro republicano, o prefeito de Miami, Francis Suarez. "O Brasil é obviamente um dos locais com grande número de infectados", disse Suarez, em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo.

"Eu disse há um tempo que deveríamos suspender os voos de todos os lugares que têm alta concentração de infectados, e isso inclui os voos que saem de Miami também. Se restringirmos os voos dos lugares com muitos casos de covid-19, diminuímos as chances de trazer o problema de fora."

O Brasil diz que há poucos passageiros que partem do país para os Estados Unidos e as rotas em operação servem, em sua maioria, para repatriar brasileiros que estão fora do país. Há hoje 13 voos, segundo a embaixada dos Estados Unidos no Brasil, que operam em 4 rotas entre os dois países.

O único voo com viagens diárias vai para Houston, no Texas. As outras rotas são para o Estado da Flórida: Miami, Orlando e Fort Lauderdale. A Casa Branca, assim como o governador da Flórida, evita fazer críticas à estratégia adotada pelo Brasil, mas há diplomatas brasileiros que admitem, nos bastidores, que a restrição de voos será adotada se o número de casos no Brasil continuar a crescer.

Trump falou sobre o Brasil em outras três ocasiões recentes. Em todas, chamou a atenção para o número "muito alto" de mortes. A preocupação, porém, não está restrita às autoridades dos Estados Unidos. Nas últimas semanas, exportadores brasileiros receberam contatos de importadores que desejavam saber se a produção seria mantida em meio à piora da pandemia - as sondagens vieram também de empresas americanas.

Algumas consultas foram relatadas ao Ministério da Agricultura do Brasil, que tem concentrado as respostas sobre os protocolos de segurança e saúde adotados no País para tranquilizar o mercado externo. "Nós amamos os brasileiros, da mesma forma que amamos os nova-iorquinos. Mas há cidades com alta concentração de pessoas - Nova York, São Paulo, Rio -, o que torna o controle da doença mais difícil", disse o prefeito de Miami.

"Nosso presidente é próximo ao presidente do Brasil e ao governador De Santis. Não acho que essas sejam discussões ofensivas, mas sim para proteção da saúde."

Suarez foi um dos que tiveram o teste positivo confirmado para covid-19 após se encontrar com a comitiva presidencial brasileira, que esteve em Miami no início de março. Mais de 20 pessoas que acompanharam o presidente Jair Bolsonaro na Flórida, ou estiveram em reuniões com ele, foram infectados.

"Eu não os culpo", disse Suarez, que decidiu se isolar quando soube que o secretário de Comunicação de Bolsonaro, Fabio Wajngarten, havia sido infectado. Depois, o prefeito de Miami confirmou que também estava com covid-19.

"Tive sintomas leves. O pior foi ficar 18 dias longe da minha mulher e das minhas duas crianças. Mas sou grato pela comitiva brasileira ter tratado a questão com transparência. Senão, eu poderia ter espalhado o vírus para minha família e meus assessores", afirmou.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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