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Prefeito de Bogotá convoca mobilização popular

O prefeito de Bogotá convocou os cidadãos a resistir ao que chamou de golpe de estado, que atenta contra a paz na Colômbia


	Colômbia, vista área de Bogotá: prefeito de Bogotá acredita que a Comissão Interamericana de Direitos Humanos vai ditar medidas para permitir que ele retorne ao seu cargo
 (Wikimedia Commons)

Colômbia, vista área de Bogotá: prefeito de Bogotá acredita que a Comissão Interamericana de Direitos Humanos vai ditar medidas para permitir que ele retorne ao seu cargo (Wikimedia Commons)

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Da Redação

Publicado em 10 de dezembro de 2013 às 13h44.

Bogotá - O prefeito de Bogotá, Gustavo Petro, acredita que a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) vai ditar medidas cautelares para permitir que ele retorne ao seu cargo e convocou os cidadãos a resistir ao que chamou de "golpe de estado", que atenta contra a paz na Colômbia.

O procurador-geral, Alejandro Ordóñez, destituiu Petro nesta segunda-feira e o desabilitou, por 15 anos, de exercer qualquer cargo público, devido à sua má gestão em uma crise referente à coleta de lixo da cidade, ao determinar que atribuiu "a prestação do serviço a duas entidades sem nenhuma experiência, conhecimento e capacidade".

Após ser conhecida a decisão, o prefeito ofereceu uma entrevista à Agência Efe na qual destacou que sua destituição leva uma mensagem nas entrelinhas para os negociadores do governo e das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) em Havana, e também para a juventude, com a qual o procurador adverte que "não é possível mudar a Colômbia pela via pacífica".

"O que está acontecendo em Bogotá é o desenvolvimento de um golpe de estado. Um funcionário administrativo não pode destituir um servidor público que foi eleito, cuja legitimidade vem do voto popular", afirmou Petro, um ex-guerrilheiro do M-19 que entrou na vida política quando esse grupo assinou a paz em 1990, e que hoje apelou à solidariedade internacional.

Petro chegou à Prefeitura em 2012 como líder do Movimento Progressista e hoje deixou claro que "o pacto de San José da Costa Rica (Convenção Americana sobre os Direitos Humanos) só atribui esse tipo de competência ao Poder Judiciário".

Por essa razão, pediu medidas cautelares à CIDH por considerar que seus "direitos políticos foram violados" e porque se trata de uma inabilitação que apenas vai deixar de vigorar "quando eu já estiver morto".

Além disso, fez duras críticas ao procurador, a quem chamou de fascista. "Ele vem realizando uma campanha de eliminação dos direitos das minorias que têm opções sexuais diferentes, dos direitos da mulher, dos direitos das pessoas que pensam diferente dele, dos democratas".

Petro argumentou que se trata de um funcionário contrário "às pessoas de paz", para afirmar que "sua última ação foi boicotar o processo de paz, que é o mais cobiçado pelo povo colombiano".

A decisão "envia uma mensagem para Havana, para a América Latina, porque querem demonstrar, a partir da extrema direita, que não é possível o acesso ao poder de forma pacífica".


"Mas estou convencido - acrescentou - que este povo que enche as ruas, que a solidariedade internacional e a justiça nacional e convencional vão nos ajudar a reverter este golpe de estado".

O prefeito, que durante seus anos como senador revelou importantes relações entre políticos e paramilitares, insistiu que o fundamental agora é "impedir as decisões do procurador para que se fortaleça na juventude a ideia da paz, não a ideia da violência".

Além disso, denunciou que Ordóñez representa "uma elite muito atrasada, feudal, proprietária de terra, muito vinculada ao narcotráfico, que quer que a paz não seja possível, porque essa paz os tiraria poder, privilégios e a riqueza que acumularam de maneira fraudulenta", por isso, insistiu, "estão tentando sabotar a paz".

O prefeito fez assim um pedido aos cidadãos: "nós não podemos cair nessa armadilha, nossa resposta não pode ser violenta, nossa resposta tem que ser com a justiça, com a solidariedade latino-americana e com as multidões nas ruas".

Perguntado sobre como pode garantir que as manifestações sejam pacíficas, reconheceu que "os setores mais pobres de Bogotá, os trabalhadores, que o procurador deixou mais vulneráveis, as vítimas da violência, estão respondendo, saindo à rua e eles têm raiva".

"Nosso dever é que essa raiva não se transforme em violência", afirmou em um escritório junto à sala onde realizou hoje uma reunião para gerenciar a crise, enquanto os cidadãos de Bogotá começavam a invadir a Praça de Bolívar para apoiar o prefeito.

O objetivo de Petro é "transmitir uma mensagem de paz, mas também de firmeza".

Também reconheceu que existem pressões das forças de segurança, que durante a tarde desta segunda-feira começaram a ocupar o centro da capital, e nesse sentido -disse- "isso é um golpe de estado e é preciso vê-lo como tal".

Sobre as possibilidades que tem para voltar à Prefeitura, Petro especificou que as outras opções são a tutela (recurso popular) e comparecer ao Tribunal Constitucional da Colômbia, mas em ambos os casos, afirmou, joga contra ele a "polarização política" em meio à campanha para as eleições de 2014.

"Estou convencido que a Carta Democrática da OEA (Organização dos Estados Americanos) nos oferece instrumentos para proteger a democracia", insistiu, ao expressar sua confiança que a solidariedade internacional e a pressão popular vão ajudá-lo a recuperar seu cargo.

Caso a CIDH conceda a ele as medidas cautelares solicitadas, explicou, o próprio chefe do Estado, ou seja, o presidente Juan Manuel Santos, será obrigado a garantir que elas sejam cumpridas.

"Espero que esta luta termine fortalecendo a paz e a democracia", concluiu, antes de confessar que, apesar de tudo, "a paz na Colômbia ainda é possível, mesmo que nos tenham feito acreditar que as guerras são infinitas".

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