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Prédio abriga história alemã, do III Reich ao Muro de Berlim

Prédio que abriga hoje a chancelaria alemã já foi banco de financiamento dos nazistas e local de onde, há 25 anos, partiu a decisão que derrubou Muro de Berlim


	Ministro do Exterior alemão Frank-Walter Steinmeier
 (Getty Images)

Ministro do Exterior alemão Frank-Walter Steinmeier (Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 7 de novembro de 2014 às 13h39.

Berlim - A decisão que levou à queda do muro de Berlim foi tomada em um edifício cheio de história que atualmente abriga o Ministério das Relações Exteriores da Alemanha.

O atual titular da pasta, Frank Walter Steinmeier, convocou os jornalistas ontem exatamente na sala onde há 25 anos se reunia o Politburo do Partido do Socialismo Unificado (SEDE) na RDA (República Democrática da Alemanha) para fazer uma declaração sobre os 25 anos da queda do muro.

A história do edifício começou muito antes, lembrou Steinmeier, porque ali, quando abrigava o Reichbank, tinha sido organizado o financiamento da "cruel guerra de extermínio dos nazistas".

Após a guerra, o edifício ficou na zona soviética. A partir de 1949 foi sede do Ministério das Finanças da extinta RDA e nove anos depois se tornou sede do Comitê Central, o órgão máximo da política da Alemanha comunista.

Na cabeça do Comitê Central estava o Politburo, formado por 26 membros, que se reunia todos as terças-feiras em uma sala que agora leva o nome do fundador do Estado alemão, o chanceler Otto von Bismark, o primeiro unificador da Alemanha, em 1881.

"Esse quadro não estava aqui há 25 anos, é mais recente", disse Steinmeier quando os fotógrafos registraram algumas imagens suas ao lado de um retrato de Bismark, a única mudança feita na sala desde 1989.

"Durante anos o Politburo decidiu aqui sobre a vida e a morte do povo. Daqui eram confirmadas sentenças de morte, se proibiam livros e se censurava a cultura, e aqui foi tomada, em 1961, a decisão de construir o muro", disse Steinmeier.

"Mais tarde, olhando por estas mesmas janelas, as cabeças quadradas do Politburo tiveram que admitir que tinham perdido a luta contra seu próprio povo e tomaram uma decisão que só precisava de uma interpretação original para precipitar a queda do muro", acrescentou.

A "interpretação original" foi dada por Günther Schabowski, ao dizer, em 9 de novembro de 1989, que a liberdade para sair da RDA era algo que começava a valer imediatamente.

"Agora, 25 anos depois, nesta sala já não se reúne o Politburo, mas os altos funcionários do Ministério das Relações Exteriores que coordenam uma política externa que busca a paz no mundo, a partir do mesmo lugar de onde antes saía a desgraça", disse Steinmeier.

"Estou orgulhoso de liderar uma política externa dessa natureza e estou feliz de pertencer a uma geração que, graças à queda do muro, sabe que a história pode ter um final feliz", acrescentou.

De fora o edifício já não é reconhecível, pois a fachada sofreu uma remodelação radical. Dentro, por outro lado, muitas coisas parecem continuar idênticas, como ocorre em muitos edifícios públicos em Berlim que foram marcados pela história, como o Ministério das Finanças e o Reichtag.

Já a chancelaria é um edifício construído depois da reunificação muito perto de onde antes estava a chamada faixa da morte.

No mesmo edifício, embora não na mesma sala em que Steinmaier recebeu os jornalistas, ficava o último parlamento da RDA, surgido das eleições livres realizadas meses depois da queda do muro, que aprovou o tratado que deu o primeiro passo para a reunificação da Alemanha.

"É preciso continuar a agradecer todos os nossos vizinhos e nossos aliados pelo apoio à reunificação que, além disso, foi o começo de uma reunificação da Europa", concluiu Steinmeier.

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