Alimentos na Nicarágua: óleos, cereais e açúcar puxaram índice da FAO para baixo (Elmer Martinez/AFP)
Da Redação
Publicado em 7 de abril de 2011 às 12h49.
Roma - O índice de preços mundiais dos alimentos registrou queda em março, após oito meses consecutivos de alta, anunciou nesta quinta-feira a Organização da ONU para a Agricultura e a Alimentação (FAO), atribuindo o movimento aos preços do petróleo.
Em março, o índice se aproximava dos 230 pontos, uma baixa de 2,9% na comparação com fevereiro, mas 37% superior ao nível de março de 2010, segundo a FAO.
"A queda do índice geral este mês dá um certo alívio depois dos aumentos contínuos dos últimos oito meses", declarou David Hallam, diretor da divisão de comércio internacional e de mercados da organização.
"No entanto, seria prematuro concluir que se trata de uma inversão de tendência", advertiu.
O índice da FAO, que monitora a média mensal dos preços dos principais itens da cesta básica, mostrou que a queda foi puxada principalmente pelo valor dos óleos, cereais e do açúcar.
Os preços do arroz também registraram uma redução, em grande parte devido aos estoques excedentes dos países exportadores e a uma queda da demanda de importação.
Por outro lado, o preço dos lacticínios e da carne sofreram uma alta.
"Esperamos as informações sobre as novas plantações nas próximas semanas para ter uma ideia dos futuros níveis de produção. Mas os escassos níveis de reservas, a influência da situação no Oriente Médio e norte da África sobre os preços do petróleo e os efeitos da catástrofe no Japão são fatores que contribuem para a incerteza e a instabilidade dos preços nos próximos meses", explicou Hallam.
"O maior fator foi o setor de óleos, que foi o responsável pela queda dos preços", indicou por sua vez Abdolreza Abbassian, economista da FAO e especialista do mercado de grãos.
"A queda foi provocada por liquidações no mercado, mas isto não durou", indicou.
"Vimos uma redução apenas nas primeiras duas semanas de março. Na segunda metade do mês, os preços se recuperaram. A maior parte do aumento dos preços não é refletida neste índice, mas certamente aparecerá no do próximo mês", estimou.
"Precisamos ver informações sobre as colheitas durante as próximas semanas para ter uma ideia dos futuros níveis de produção", afirmou David Hallam.
"Como já dissemos antes, esta crise será volátil. Os preços ainda estão em patamares muito altos. Tudo depende da colheita de 2011. O mercado não vai ignorar as incertezas pelo menos nos seis próximos meses", disse Abbassian.