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Preço do etanol sobe e ameaça oferta de combustível no Brasil

Em breve, partes do Brasil podem não ter etanol suficiente para atender a mistura compulsória determinada pelo governo para a gasolina

Etanol, em frasco de laboratório (Arquivo)

Etanol, em frasco de laboratório (Arquivo)

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Da Redação

Publicado em 19 de abril de 2011 às 22h57.

São Paulo - Os preços de etanol estão disparando com o forte aumento da demanda, colocando mais pressão sobre a inflação e elevando temores sobre uma possível falta de combustível em algumas partes do país.

O Brasil produz dois tipos de etanol à base de cana-de-açúcar: o hidratado, que é usado diretamente em automóveis que rodam com o etanol; e o anidro, que é misturado a toda gasolina utilizada no Brasil, como forma de manter um limite aos preços de combustível ou para reduzir o consumo de combustíveis fósseis.

Contudo, os preços do etanol anidro subiram para níveis recordes, em parte por causa da diminuição da oferta de cana na entressafra, enquanto a colheita se aproxima. Isso pode deixar, em breve, partes do Brasil na posição atípica de não ter etanol suficiente para atender a mistura compulsória determinada pelo governo para a gasolina.

"As pessoas estão com medo de escassez em áreas mais isoladas do país", disse Marcelo Andrade, diretor da corretora Ecoflex, do Rio de Janeiro.

Distribuidores pagaram até 2,80 reais pelo litro de etanol anidro na terça-feira, incluindo impostos, com ofertas atingindo até 3 reais por litro, disseram corretores. Isso é um nível recorde, e muito acima dos 2,10 reais de uma semana atrás.

Os preços do etanol hidratado também oscilam em torno das máximas de cinco anos, levando motoristas de veículos flex a aumentar significativamente a troca do etanol pela gasolina, que tem melhor desempenho que o biocombustível.

O etanol hidratado era negociado na terça-feira a 1,70 reais o litro, acima dos cerca de 1,60 reais o litro de duas semanas atrás, de acordo com a corretora Mikz.

A debandada para a gasolina corroeu os estoques de etanol anidro, forçando algumas usinas a recorrer a importações para atender à demanda. Assim como fez a Petrobras, que importou gasolina. 


O total das importações de etanol para a região centro-sul do Brasil entre janeiro e maio é agora estimado para atingir 200 milhões de litros, acima dos 150 milhões de litros estimados há um mês.

Um volume adicional de 120 milhões de litros de etanol importado chegaram ao nordeste do Brasil, outra importante área de produção.

A safra de cana deste ano está começando lentamente por causa das chuvas pesadas que atingiram o centro-sul, aumentando a pressão de oferta. Mas os preços devem cair assim que a nova oferta finalmente chegar ao mercado.

Até lá, o mercado permanecerá sob pressão.

O diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, reconheceu na terça-feira que pode faltar gasolina em alguns postos por causa da escassez de etanol.

"O mais difícil (em termos de abastecimento) é o etanol anidro para ser misturado à gasolina. Se houver falta de gasolina, pode ser causada por isso", disse Costa à Reuters.

Toda a gasolina vendida atualmente no Brasil tem uma mistura de 25 por cento de etanol anidro.

Nos últimos anos, o governo reduziu o porcentual para um nível mínimo de 20 por cento para ajudar a conter a pressão sobre os preços no período de entressafra e evitar qualquer falta. Autoridades têm sugerido que se faça ação similar em breve.

O governo também está trabalhando em uma proposta regulatória geral para a indústria de etanol e açúcar na tentativa de assegurar a produção de combustível e evitar o aperto de oferta anual na entressafra.

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