Eleições: ao fim do dia, os dois grandes partidos dos EUA terão escolhido mais da metade de todos seus delegados para as convenções nacionais (Chris Keane / Reuters)
Da Redação
Publicado em 15 de março de 2016 às 11h24.
Os pré-candidatos à corrida pela Casa Branca enfrentavam nesta terça-feira um dia decisivo, com primárias em cinco grandes estados, quando o milionário Donald Trump poderá encurtar consideravelmente sua disputa pela indicação republicana.
Carolina do Norte, Ohio, Florida, Illinois e Missouri iniciaram as primárias democratas e republicanas desta nova "Super Terça".
Ao fim do dia, os dois grandes partidos dos Estados Unidos terão escolhido mais da metade de todos seus delegados para as convenções nacionais, e por isso a votação desta terça é considerada um divisor de águas nesta campanha.
Mas se para Trump o dia representa a possibilidade de ficar mais próximo da indicação, para Marco Rubio, senador pela Flórida, e para John Kasich, governador de Ohio, a jornada também poderá indicar que é hora de jogar a toalha.
Entre os democratas, a ex-secretária de Estado Hillary Clinton tem em suas mãos a possibilidade de ampliar sua cômoda ventagem sobre o carismático senador Bernie Sanders em sua busca de confirmar seu favoritismo para a indicação para disputar as eleições presidenciais de novembro.
No início da campanha, parecia que Hillary não teria dificuldades na interna partidária, mas Sanders, um orador brilhante e incisivo, apresentou-se como um grande complicador para seu comitê de campanha.
Vida ou morte
Entre os republicanos, esta terça será um dia de vida ou morte para as esperanças de Rubio e Kasich.
Uma vitória de Trump na Flórida - como apontam, sem exceção, as pesquisas divulgadas na última semana - selaria a sorte de Rubio. Neste caso, ele seria pressionado a jogar a toalha.
Kasich também depende de uma vitória em seu reduto eleitoral, Ohio, onde as sondagens sinalizam uma disputa bastante equilibrada com Trump.
Um resultado positivo poderia "devolver" Kasich à corrida, especialmente se Rubio ficar pelo caminho. Pode, inclusive, ser a última chance para o Partido Republicano de tentar conter Trump.
Em um ato público neste fim de semana, Trump garantiu que, se vencer na Flórida e em Ohio nesta nova "Super Terça", "o partido estará liquidado" na disputa interna. Pesquisas de opinião antecipam sua vitória na Flórida, Illinois, Missouri e Carolina do Norte.
Entre os republicanos, os estados em disputa concedem todos os delegados ao vencedor, em vez da distribuição proporcional entre os pré-candidatos.
Truculência
Na segunda, todos os pré-candidatos percorreram os estados onde acontecem as primárias, organizando atos públicos para conquistar os últimos indecisos. O pano de fundo é a dura polêmica com os episódios de violência nos comícios de Trump.
Na sexta-feira, o bilionário cancelou um evento de última hora diante da escalada de violência entre manifestantes anti-Trump e enfurecidos simpatizantes do pré-candidato.
Na segunda, Trump voltou a cancelar um compromisso, desta vez um comício na Flórida, preferindo contatos políticos em Ohio.
Durante todo o fim de semana, Trump e sua equipe de campanha se viram envolvidos em confusas situações decorrentes da animosidade entre ativistas e simpatizantes. Em um deles, em Ohio, no sábado, um jovem tentou subir na tribuna onde Trump discursava, mas foi contido por agentes do Serviço Secreto, enquanto o político era retirado às pressas.
Identificado como o estudante universitário Thomas DiMassimo, o jovem contou à imprensa americana ter sido motivado por sua rejeição ao "racismo" pregado por Trump em seus discursos.
"Trump é um abusador, nada além disso", afirmou DiMassimo, acusado de "provocar desordem em um ato público".
Incendiário
Entre os democratas, o senador Bernie Sanders e a ex-secretária de Estado Hillary Clinton também aproveitavam essas últimas horas nas ruas.
Sanders fez um comício em Ohio, no qual chamou Trump de "mentiroso patológico", rebatendo acusações de que teria instigado a violência de militantes nos eventos promovidos pelo bilionário.
No fim de semana, Trump chegou a ameaçar com mandar seus próprios ativistas para perturbar os comícios do democrata.
Já Hillary Clinton dedicou o dia de hoje a fazer contatos políticos e com eleitores na Flórida. De acordo com enquete da Universidade Quinnipiac, neste estado, ela abre pelo menos cinco pontos percentuais em relação ao oponente.
Durante uma reunião pública com eleitores no domingo à noite, Hillary Clinton disse que Trump está "traficando ódio e medo" e classificou-o como um "incendiário político".
A ex-primeira-dama é considerada franca favorita a obter a indicação democrata e, segundo pesquisas mais recentes sobre esta segunda "Super Terça", pode manter ou até ampliar sua vantagem sobre Sanders.