PP: os principais acusados da "trama Gürtel" são o ex-tesoureiro do partido e ex-senador do PP (Denis Doyle/Getty Images)
EFE
Publicado em 13 de fevereiro de 2017 às 13h24.
Madri - O advogado que representa o governante Partido Popular (PP) se negou nesta segunda-feira a responder perguntas fundamentais no julgamento sobre um caso de corrupção, conhecido como Gürtel, no qual supostamente se beneficiou, ao alegar que o partido não teve nenhuma participação nos fatos.
O PP - que neste fim de semana reelegeu o chefe do governo espanhol, Mariano Rajoy, como teu líder -, está sendo processado como partícipe a título lucrativo desta trama.
Trata-se de uma investigação judicial sobre a suposta corrupção mediante contratos arranjados de empresários e pessoas vinculadas ao PP.
Nela, estão sendo processados três ex-tesoureiros do partido, e vários ex-altos cargos, entre eles a ex-ministra de Saúde espanhola, Ana Mato (2011-2014), processada pelos presentes recebidos pelo seu marido, ex-prefeito do PP do município madrilenho de Pozuelo.
A Procuradoria pede ao PP 328,4 mil euros (US$ 349,4 mil) em conceito de responsabilidade civil e à ex-ministra 28,4 mil euros (US$ 30,2 mil).
Em representação do partido compareceu hoje o advogado Jesús Santos, que afirmou que o PP não teve nenhuma participação nos fatos e tem, portanto, "um total desconhecimento dos mesmos".
A procuradora considerou essa resposta como "evasiva" e uma "resistência a declarar", por isso que afirmou que sua recusa a falar representa implicitamente um reconhecimento dos fatos.
O presidente do tribunal concordou com o pedido feito pela procuradora de que o silêncio do PP pode ser considerado como uma confissão dos fatos, o que levaria à condenação como responsável civil.
A Lei de Processo Civil espanhola estipula que quando um responsável civil não responde às perguntas, o tribunal pode lhe declarar "confesso", no sentido de que os fatos aos quais as perguntas se referem são considerados "reconhecidos como certos".
A ex-ministra espanhola Ana Mato explicou que os presentes da trama de corrupção estavam destinados a seu marido, ex-prefeito de uma cidade de Madri, e insistiu reiteradamente que ambos eram independentes economicamente.
O desvio de verbas teria sido destinado a abonar viagens da família, as despesas da celebração da comunhão de sua filha e festas de aniversário, assim como um Jaguar e dois Range Rover.
Os principais acusados da "trama Gürtel" são o ex-tesoureiro do partido e ex-senador do PP, Luis Bárcenas, para quem a procuradora pede 42 anos de prisão e o suposto responsável da trama, o empresário Francisco Correa, para quem pede 125 anos.