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Povoado cristão da Cisjordânia reza pela paz em Gaza

Com a destruição provocada em Gaza e com o aumento da violência na Cisjordânia, a comunidade cristã não está disposta a celebrar o Natal nesta segunda-feira

Este ano, os fiéis rezam pela paz e lamentam os mortos (Laurie Churchman/AFP)

Este ano, os fiéis rezam pela paz e lamentam os mortos (Laurie Churchman/AFP)

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Agência de notícias

Publicado em 25 de dezembro de 2023 às 11h52.

Um silêncio incomum tomou conta das ruas de Zababdeh, um povoado palestino que abriga uma das maiores comunidades cristãs da Cisjordânia ocupada, e que perdeu a vontade de celebrar o Natal, em meio à guerra em Gaza.  

No Natal, os cristãos palestinos saíam de cidades vizinhas e compareciam em grande número a Zababdeh para admirar as luzes e o mercado festivo nesta localidade de cerca de 5.000 habitantes.

Com a destruição provocada em Gaza e com o aumento da violência na Cisjordânia, porém, a comunidade cristã não está disposta a celebrar o Natal nesta segunda-feira.

Rezar pela paz e lamentar os mortos

Este ano, os fiéis rezam pela paz e lamentam os mortos. Também estão preocupados com a violência cada vez mais próxima.

Durante a manhã, jornalistas da AFP ouviram disparos e sirenes em Jenin, uma cidade onde o Exército israelense efetua incursões quase diárias.

"Como podemos celebrar o Natal?", pergunta Nazeria Yusef Deabis, de 76 anos, que viveu em Zababdeh toda a sua vida e nunca experimentou um clima tão sombrio.

Não há árvore de Natal em sua casa. "As pessoas não se sentem festivas. Perderam amigos e familiares em Gaza", diz. "A ocupação (Israel) está destruindo Jenin e as crianças são brutalmente assassinadas", acrescenta.

O Exército israelense afirma que suas frequentes incursões em Jenin, especialmente no campo de refugiados adjacente, têm como alvos "terroristas", mas o Ministério da Saúde da Autoridade Palestina em Ramallah diz que muitos mortos são civis.

As forças israelenses e os colonos mataram mais de 300 pessoas na Cisjordânia desde o início da guerra, em 7 de outubro, segundo as autoridades palestinas. Israel ocupa a Cisjordânia desde a Guerra dos Seis Dias, em 1967.

"Precisamos de paz"

O conflito começou há 80 dias, depois que o Hamas executou um ataque surpresa em Israel que deixou cerca de 1.140 mortos, a maioria civis, segundo um balanço da AFP baseado em dados israelenses. Em resposta, Israel prometeu "aniquilar" o Hamas e lançou uma ofensiva terrestre e aérea que deixou mais de 20.400 mortos em Gaza, segundo o movimento islamista que governa o território palestino desde 2007.

Nas ruas silenciosas de Zababdeh, a loja de decoração de Natal de Gabi Jadar está abarrotada de artigos natalinos que ele não conseguiu vender: guirlandas, caixas cheias de enfeites e mais de 20 árvores de plástico.

Este cristão anglicano de 55 anos não vendeu uma árvore sequer este ano. Agora, ele está endividado e com dificuldades para pagar o aluguel. Ele teve que dizer aos filhos que não deveriam esperar grandes presentes.

Apesar das circunstâncias, alguns serviços religiosos prosseguiram. O padre Elias Taban, de 50 anos, celebrou uma missa solene na Igreja Nossa Senhora da Visitação.

 

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