Contêineres com armas químicas sírias em porto italiano: França e Reino Unido reivindicaram muito claramente a adoção de sanções contra o governo sírio (AFP)
Da Redação
Publicado em 30 de agosto de 2016 às 18h42.
As potências ocidentais do Conselho de Segurança da ONU exigiram nesta terça-feira que sejam tomadas medidas contra a Síria depois que uma investigação internacional confirmou que o regime utilizou armas químicas.
França e Reino Unido reivindicaram muito claramente a adoção de sanções contra o governo de Bashar al Assad, enquanto os Estados Unidos - sem utilizar especificamente o termo sanção - exigiu que os responsáveis "paguem um preço".
Os embaixadores dos três países se pronunciaram assim antes de uma reunião do Conselho de Segurança para analisar um relatório elaborado por especialistas internacionais que acusa o exército sírio de ter utilizado armas químicas no país durante 2014 e 2015.
O texto, que as potências discutem hoje pela primeira vez a portas fechadas, confirmou ainda que o Estado Islâmico (EI), que já é alvo de sanções na ONU, também fez uso desse tipo de armamento.
"É importante que o Conselho se movimente rapidamente para assegurar que qualquer um que perpetrar este crime (...) pague um preço", disse aos jornalistas a representante americana nas Nações Unidas, Samantha Power.
Mais contundente foi seu colega francês, François Delattre, que reivindicou "sanções contra aqueles responsáveis por estes atos, que constituem crimes de guerra e contra a humanidade".
Por sua vez, o embaixador britânico, Matthew Rycroft, considerou "essencial" uma resposta "robusta" e lembrou que, quando aprovou a investigação internacional, o Conselho de Segurança já se comprometeu a "impor medidas sob o Capítulo VII da Carta das Nações Unidas".
Esse capítulo contempla a imposição de sanções, e inclusive o uso da força, e Rycroft confirmou hoje que seu país buscará "o estabelecimento de um regime de sanções".
A priori, o principal obstáculo para isso será a Rússia, o grande aliado de Damasco no Conselho de Segurança, e que no passado bloqueou possíveis medidas contra o regime sírio.
No entanto, no âmbito das armas químicas, Moscou chegou a acordos com Washington, incluído um que em 2013 levou a Síria a aceitar a destruição de seu arsenal químico após vários supostos ataques.
O embaixador russo, Vitaly Churkin, confirmou hoje que está novamente disposto a trabalhar com os EUA e lembrou que foram precisamente esses dois países os que iniciaram todo o processo contra as armas de destruição em massa na Síria.
Por isso, Churkin e Power já conversaram após receber na semana passada o relatório elaborado por especialistas da ONU e da Organização para a Proibição das Armas Químicas (OPAQ).
O documento é resultado de uma longa investigação realizada para tentar determinar quem esteve por trás de vários casos de uso de armamento químico na Síria durante 2014 e 2015.
Os analistas chegaram a conclusões definitivas em três desses episódios, responsabilizando por dois deles o regime (que teria usado cloro) e pelo outro o EI (que utilizou gás mostarda).
Nos últimos anos foram divulgadas várias acusações de uso de armas químicas e hoje, países como o Reino Unido, salientaram que as investigações internacionais demonstram a vontade do regime sírio de conservar armamento deste tipo e de utilizá-lo apesar de ter se comprometido com sua destruição.
A organização não governamental Human Rights Watch (HRW) pediu hoje ao Conselho de Segurança que imponha de forma urgente sanções contra o governo sírio e o leve perante o Tribunal Penal Internacional (TPI).
"O capítulo das armas químicas só será encerrado quando os que ordenaram e executaram estas atrocidades estejam condenados e atrás das grades, e suas vítimas compensadas", afirmou em comunicado Balkees Jarrah, porta-voz da ONG. EFE