Mundo

Potencial de energia solar e eólica tem sido menosprezado

A avaliação é de um grupo de ONGs na segunda edição do relatório O Setor Elétrico Brasileiro e a Sustentabilidade

Energia eólica (Getty Images)

Energia eólica (Getty Images)

DR

Da Redação

Publicado em 12 de novembro de 2012 às 19h50.

Brasília – O potencial de energia solar e eólica no Brasil tem sido menosprezado nas políticas públicas do setor energético. A avaliação de um grupo de organizações não governamentais que acompanham o setor foi divulgada hoje (12) na segunda edição do relatório O Setor Elétrico Brasileiro e a Sustentabilidade.

De acordo com o documento, com as tecnologias disponíveis atualmente para aproveitamento de energia solar, seria possível atender a 10% de toda a demanda atual de energia elétrica com a captação em menos de 5% da área urbanizada do Brasil. Os estudos apontam que, no caso da energia eólica, o potencial inexplorado chega a 300 gigawatts (GW), o que equivaleria a quase três vezes o total da capacidade instalada atualmente no país.

“A questão central é que há uma necessidade de abrir um debate mais amplo entre governo e sociedade. Criticamos as premissas usadas para estimar a demanda [por energia], que são baseadas apenas no PIB [Produto Interno Bruto]”, disse o geógrafo Brent Millikanm, diretor do Programa Amazônia da ONG International Rivers – Brasil.

Segundo ele, com mais espaço de discussão em diferentes setores, o governo conseguiria definir “um planejamento mais amplo que mostre quais as reais necessidade do país e como atender com mais eficiência e menor custo social e ambiental”.

A ausência de uma política de incentivos para a inovação tecnológica e a ampliação da escala de produção de energia têm prejudicado a expansão de outros potenciais elétricos do país, apontam os pesquisadores.


Para os representantes das organizações não governamentais (ONGs) Instituto Socioambiental (ISA), Greenpeace Brasil, Amigos da Terra – Amazônia Brasileira, International Rivers – Brasil, Amazon Watch e WWF – Brasil,a falta desses estímulos prejudica diretamente os resultados da indústria nacional. “É importante termos uma política mais voltada para eficiência que é fundamental para competitividade industrial”, acrescentou Millikanm.

Os dados apresentados no documento mostram que os investimentos privados em energia renovável no Brasil cresceram 8% em 2011, saltando para US$ 7 bilhões – impulsionados, principalmente, pelo potencial da energia eólica. Em todo o mundo, os investimentos em energia renovável chegaram a US$ 237 bilhões, em 2011, superando os US$ 223 bilhões gastos, no mesmo ano, para a construção de novas usinas movidas a combustíveis fósseis.

Os pesquisadores acreditam que, além de direcionar melhor as demandas, os debates com a sociedade poderiam orientar as estratégias do setor baseado na realidade das regiões e nos potenciais impactos que poderiam gerar.

Millikanm explica que a composição do Conselho de Política Energética, responsável pela aprovação dos planos do setor, refletem a atual situação.

“Deveria ter representantes da sociedade civil e de universidades nesse conselho, mas, essas cadeiras estão vazias. Isso é emblemático da falta de diálogo. Se tivesse um debate mais aberto, tomariam decisões melhores para a sociedade. Como existem parcerias muito fortes das grandes empreiteiras e de outras empresas, como as de mineração, a política pública acaba sendo desviada para alguns interesses”, criticou.

Procurados pela reportagem da Agência Brasil, os ministérios do Meio Ambiente, de Minas e Energia e o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) não se pronunciaram sobre o estudo.

Acompanhe tudo sobre:EnergiaEnergia eólicaEnergia solarInfraestruturaTecnologias limpas

Mais de Mundo

Há chance real de guerra da Ucrânia acabar em 2025, diz líder da Conferência de Segurança de Munique

Trump escolhe bilionário Scott Bessent para secretário do Tesouro

Partiu, Europa: qual é o país mais barato para visitar no continente

Sem escala 6x1: os países onde as pessoas trabalham apenas 4 dias por semana