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Posso conversar com Brasil sobre tarifas em algum momento, diz Trump

A imposição de tarifas de 50% por Trump gera tensões comerciais com o Brasil; medidas de retaliação podem impactar setores chave e a economia de ambos os países

Publicado em 11 de julho de 2025 às 11h31.

Última atualização em 11 de julho de 2025 às 11h54.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou em coletiva de imprensa nesta sexta-feira, 11, que pretende conversar com o Brasil sobre a tarifa de 50% "em algum momento". A fala do americano acontece um dia depois de o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmar que "está aberto para negociar", apesar de reforçar que a lei da reciprocidade pode ser aplicada.

Segundo Trump, "o Brasil está tratando o Bolsonaro de forma muito injusta". "Eu o conheço bem e ele era um negociador durão, mas um bom homem, e eu conseguia enxergar que ele amava as pessoas do Brasil. Eu não deveria gostar dele, porque ele era muito duro nas negociações, mas ele era muito honesto — e eu conheço os honestos e os corruptos", disse ele.

Trump também afirmou que entrou em contato com o Canadá após o anúncio das tarifas de 35%. "Acredito que as tarifas foram recebidas de forma razoavelmente boa, então vamos ver o que acontece", continuou.

Para o presidente, o recado que fica para os países que estão tentando negociar as tarifas é "continue o trabalho duro". "Por muitos anos, tanto inimigos quanto amigos, tentaram se beneficiar — e os amigos, em alguns casos, foram ainda piores. Eu diria para eles continuarem trabalhando porque tudo vai se resolver", afirmou.

Como o Brasil pode responder?

O presidente Lula anunciou que o Brasil aplicará a Lei de Reciprocidade Econômica em resposta à tarifa de 50% imposta pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros. Durante entrevista ao Jornal Nacional, Lula deixou claro que está aberto a negociações com o presidente americano, mas que, se necessário, o Brasil usará a lei para retaliar a partir de 1º de agosto, quando a medida entra em vigor. Lula criticou a atitude de Trump, considerando-a "inaceitável" e uma intromissão nas decisões brasileiras, além de afirmar que as alegações de déficit comercial não são fundamentadas.

A tarifa imposta por Trump afetará setores-chave da economia brasileira, como café, aeronaves e suco de laranja. Essa decisão vai além de questões comerciais, sendo também uma retaliação política aos processos contra o ex-presidente Jair Bolsonaro e à interferência do Supremo Tribunal Federal (STF) nas plataformas digitais americanas. A medida também agrava as tensões comerciais entre os dois países, com destaque para o contexto do Brics e das disputas geopolíticas no Sul Global.

Lula reforçou que a retaliação de Trump precisa ser baseada em fatos reais e que as acusações de déficit comercial entre Brasil e EUA são infundadas. De acordo com o presidente, os Estados Unidos têm superávit comercial com o Brasil, o que torna a medida ainda mais questionável.

O governo brasileiro planeja formar uma comissão com empresários e representantes do governo para avaliar os impactos das tarifas e explorar alternativas comerciais. A ideia é buscar novos mercados e reduzir a dependência do mercado americano, abrindo novas oportunidades para as exportações brasileiras.

Quais estados serão mais afetados pelas tarifas?

Os estados mais impactados pelas tarifas de 50% incluem aqueles com maior volume de exportações para os EUA. Estados como São Paulo, Minas Gerais e Paraná, que têm forte presença no setor agropecuário e aeronáutico, poderão sentir de forma mais intensa os efeitos econômicos dessas tarifas.

A estimativa é que a tarifa possa reduzir o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil em até 1,2%, de acordo com análises do JP Morgan.

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