CATALUNHA: novo líder do Parlamento, o separatista Quim Torra, recebeu o apoio do ex-líder, Carles Puigdemont (Sergio Perez/Reuters)
EXAME Hoje
Publicado em 23 de maio de 2018 às 06h36.
Última atualização em 23 de maio de 2018 às 08h31.
Está marcada para esta quarta-feira a posse dos novos ministros do recém-formado governo da Catalunha, liderado por Quim Torra. A posse, porém, tem tudo para não ocorrer, e pode desencadear um novo embate entre o movimento separatista da região e o governo da Espanha.
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Desde que assumiu a presidência da Catalunha, no dia 14, Torra tem discutido com Madri, capital do país, o futuro de seu governo. Contando com o apoio do ex-líder Carles Puigdemont, o novo líder tem como maior desafio encerrar a ação do Artigo 155 da Constituição, que tira a autonomia da região, mantida sob controle federal desde outubro do ano passado, quando foi declarou sua independência de forma unilateral.
Na segunda-feira, o primeiro-ministro Mariano Rajoy demonstrou o poder do artigo constitucional, barrando a indicação dos quatro conselheiros. Entre os nomes para ministros estavam Jordi Turrul, Josep Rull, Toni Comín e Lluís Puig. Os dois primeiros estão presos, e os outros dois estão foragidos. Todos foram condenados pelo governo espanhol por rebelião, durante o processo de independência da Catalunha.
Segundo o próprio artigo 155, o governo espanhol deve suspender o controle direto uma vez que o governo catalão esteja plenamente formado, e membros do gabinete tenham sido nomeados. Mas, para Rajoy, a indicação de quatro homens que são acusados de crimes como rebelião equivaleu a uma “provocação deliberada”.
Além da proibição da posse, o movimento separatista pode enfrentar uma outra derrota, ainda nesta semana. Ontem, um tribunal da Alemanha afirmou que está preparando uma solicitação de extradição do ex-líder catalão, Carles Puigdemont, para a Espanha. Ele foi preso na Alemanha, em março, após tentar cruzar a fronteira com a Bélgica, onde estava auto-exilado desde a declaração de independência. Puigdemont tinha sido autorizado a responder o processo em liberdade, mas agora corre o risco de ser extraditado se for comprovado que utilizou verba pública para realizar a campanha de separação da Catalunha.
A posse desta quarta, neste contexto, vai além da formação de um novo conselho parlamentar. É mais uma queda de braço entre catalães e espanhóis. O impasse segue num momento curioso: no próximo dia 28 a seleção da Espanha começa os treinos para a Copa da Rússia com quatro jogadores do Barcelona no provável time titular. Dentro de campo, Madri e Catalunha não devem ter problemas em se entender.