José Sócrates renunciou ao cargo de primeiro-ministro (WIKIMEDIA COMMONS)
Da Redação
Publicado em 23 de março de 2011 às 19h34.
Lisboa - O Governo de Portugal anunciou que o primeiro-ministro português, o socialista José Sócrates, renunciou ao cargo.
Um breve comunicado publicado no site da chefia do Estado indica que o presidente português, o conservador Aníbal Cavaco Silva, fará reuniões com os partidos políticos na próxima sexta-feira e, enquanto isso, fica mantido o atual Executivo como interino.
Sócrates se reuniu hoje durante 20 minutos com Cavaco depois que o Parlamento rejeitou seu último plano de austeridade para tentar evitar um resgate financeiro de Portugal.
Sócrates atribuiu sua renúncia pela rejeição da oposição, no Parlamento, a seu plano econômico para tentar superar a crise atravessada pelo país.
Sócrates acusou as forças da oposição de pôr o interesse partidário na frente dos nacionais e as responsabilizou pelos problemas que Portugal poderá sofrer.
Em um breve comunicado publicado em seu site, a chefia do Estado português informou que o presidente de Portugal, o conservador Aníbal Cavaco Silva, promoverá reuniões com os partidos políticos na próxima sexta-feira e, enquanto isso, o atual Executivo será mantido como interino até a aceitação da renúncia.
Sócrates se mostrou muito crítico com as forças da oposição, às quais acusou de "obstruir" a ação de seu governo desde 2009, de "rebaixar" os avanços conseguidos com a União Europeia e de atuar sob a "irresponsabilidade" e o "oportunismo político".
"Hoje o país perdeu, não ganhou", resumiu o dirigente socialista, que também lembrou que sua renúncia ocorre em um momento "crucial" para Portugal e a Europa, devido à cúpula extraordinária realizada amanhã em Bruxelas e na qual serão discutidos os mecanismos de gestão das crises da dívida soberana.
O dirigente socialista afirmou que a crise política aberta hoje "só poderá ser resolvida pela decisão soberana dos portugueses", em alusão à convocação de eleições para a chefia de governo, e deu a entender que tentará se candidatar.
"Com a determinação de sempre e a mesma vontade de servir a meu país, me submeterei a essa decisão", declarou.
"Há vários meses, lutei com o propósito fundamental de proteger o país da necessidade de recorrer à ajuda externa, para não cair na mesma situação que Grécia e Irlanda", explicou Sócrates durante seu discurso, no qual lembrou as "consequências profundamente negativas" que uma intervenção representa para "a imagem e o prestígio" nacional.
O líder dos socialistas lusos, que ocupava o cargo de primeiro-ministro desde 2005, ressaltou que seu partido esteve "até o último minuto disposto a negociar qualquer ajuste que fosse necessário para conseguir um consenso - em torno do último plano de austeridade apresentado pelo governo - que salvaguardasse o interesse nacional".
"Lamento ter sido o único a ter feito esse apelo", disse Sócrates, em uma velada referência ao presidente de Portugal, o conservador Aníbal Cavaco Silva.
O agora primeiro-ministro interino criticou o "bairrismo político" exibido pelos demais partidos com representação parlamentar, e destacou que "a única razão que explica a crise é a impaciência pelo poder".
Além disso, alertou que a situação de instabilidade política pode ter "consequências na confiança das instituições e nos mercados", que pressionam nos últimos meses Portugal pelas dúvidas que sua situação econômica desperta.
"Aqueles que provocaram (a crise) sem fundamento nem alternativas são responsáveis a partir de agora por suas consequências. Estou cumprindo com meu dever e apresentei as medidas necessárias", insistiu.