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Portugal inicia presidência conservadora e premiê socialista

A chegada de Marcelo Rebelo de Sousa à presidência abrirá uma nova etapa política de "convivência" entre um chefe de Estado conservador e um premiê socialista


	Homem carrega bandeira de Portugal
 (AFP)

Homem carrega bandeira de Portugal (AFP)

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Da Redação

Publicado em 25 de janeiro de 2016 às 17h21.

Lisboa - A chegada de Marcelo Rebelo de Sousa à presidência de Portugal abrirá uma nova etapa política de "convivência" entre um chefe de Estado conservador e um primeiro-ministro socialista, que governa apoiado pela esquerda radical.

O perfil do ganhador das eleições presidenciais de ontem apresenta sensíveis diferenças em relação ao atual morador do Palácio de Belém, o também conservador Aníbal Cavaco Silva, e no país se especula sobre como será sua convivência com o governo quando assumir o cargo, em março.

Ex-líder do principal partido da centro-direita portuguesa e famoso por sua condição de comentarista político na televisão, Rebelo de Sousa venceu em primeiro turno, com 52% dos votos, um pleito no qual a abstenção foi de mais de 51%.

Como exercerá seu mandato e qual será sua relação com o governo são questões relevantes no contexto atual, especialmente em termos de estabilidade política.

O Partido Socialista chegou ao poder há dois meses graças a um acordo inédito alcançado com as demais legendas de esquerda, que se comprometeram a dar apoio ao primeiro-ministro António Costa no parlamento em troca de iniciar uma política focada a reverter as medidas de austeridade instauradas devido à crise financeira.

As divergências programáticas entre socialistas e conservadores são palpáveis e já obrigaram os primeiros a precisar, neste começo de ano, do apoio pontual dos segundos para aprovar uma medida importante - a liquidação do banco Banif, com um custo milionário para os cofres do Estado.

A pressão dos aliados de esquerda para acelerar a reversão das medidas de austeridade se contrapõe à rigidez da União Europeia de lembrar a Portugal que deve cumprir sua meta de redução do déficit público, o que reduz a margem para grandes alegrias financeiras.

Enquanto no país continuam as apostas sobre quanto tempo durará o atual governo, a posição de Rebelo de Sousa será outro fator a ser levado em conta, já que entre as competências dadas pela Constituição ao presidente está a de dissolver o parlamento, uma possibilidade que, em campanha, ele descartou.

"Rebelo de Sousa terá uma atitude institucional para com este governo, não será por sua causa que cairá imediatamente", afirmou hoje à Agência Efe o prestigiado analista político português António Costa Pinto.

Ele lembrou que o candidato conservador venceu o pleito de ontem com uma maioria muito ampla, o que reflete que seu "discurso centrista" para atrair eleitores foi bem-sucedido, embora "seu passado de centro-direita não deixará de ser notado" nesta nova etapa.

Costa Pinto acredita que o próximo chefe de Estado dará prioridade ao cumprimento das exigências da UE, como as metas de déficit.

"Rebelo de Sousa apresenta duas características singulares: é o presidente - o nono que Portugal elegeu em democracia - que menos obedece aos partidos políticos que o apoiam, porque tem capital político próprio e é o que mais se situa no centro, sobretudo em temas econômicos e sociais", ressaltou o analista político.

Para Costa Pinto, a figura do próximo chefe de Estado apresenta diferenças significativas em relação a de seu antecessor, Cavaco Silva, já que conta com "estilo mais próximo da sociedade e uma capacidade de diálogo e para gerar consensos também maior".

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