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Porto de Açu causa dano ambiental no Rio, indica estudo

Pesquisa da Uenf, divulgada pela Folha de S. Paulo, mostra que obras do estaleiro, em São João da Barra, estão salinizando pontos de água doce na região

Superporto de Açú (Reprodução/LLX)

Superporto de Açú (Reprodução/LLX)

Vanessa Barbosa

Vanessa Barbosa

Publicado em 18 de dezembro de 2012 às 17h16.

São Paulo – A construção do Porto de Açu, da LLX, em São João da Barra, no Rio de Janeiro, está gerando prejuízos ambientais na região. É o que indica um estudo realizado pela Universidade Estadual do Norte Fluminense (Uenf), publicado pelo jornal Folha de S. Paulo, nesta terça-feira. Segundo a pesquisa, as obras elevaram o nível de salinidade em pontos de água doce na lagoa de Iquiparí e do canal de Quitingute.

Tal processo estaria associado à abertura de um canal para a construção do complexo portuário. Os pesquisadores suspeitam que a areia dragada do mar e depositada próxima à lagoa esteja contribuindo para aumentar a salinização da água. De acordo com os especialistas, no longo processo, se nada for feito para reverter o problema, a região pode sofrer desertificação.

Agricultores, pescadores e população local, que dependem da água para consumo próprio e irrigação de plantações, já sentem as consequências. Em outubro, parte do cultivo de abacaxi de um dos moradores nasceu queimada. Conforme a Folha de S. Paulo, a água usada nas plantações vem do canal de Quitingute, classificado como de água doce no EIA/Rima, os estudos de impacto ambiental feitos antes da instalação do porto pela LLX. Mas hoje, segundo a pesquisa da Uenf, o nível de salinidade aumentou a ponto de tornar a água inadequada para agricultura.

Em resposta ao jornal, o diretor de sustentabilidade da LLX, Paulo Monteiro, disse que a salinização das águas da região de São João da Barra vem de antes da construção do Porto. Destacou ainda que as obras têm um sistema de drenagem que impede o vazamento de água salgada para regiões exteriores à obra.

Procurada por EXAME.com, a empresa afirmou em nota que a presença de salinidade nas águas subterrâneas e superficiais do Açu decorre da própria estrutura geológica da região, formada a partir do processo histórico de avanço e recuo do mar. Além disse, destaca que as Lagoas de Grussaí, de Iquipari e Salgada, bem como o Canal Quitingute, são caracterizados como de água doce à salgada.

"Os estudos sobre os níveis de salinidade realizados pela LLX não são avaliados a partir de um dado pontual, e sim por meio de monitoramento periódico em mais de 40 pontos (águas subterrâneas, lagoas e canais) situados na área de influência do Complexo Industrial do Superporto do Açu. Os resultados são enviados aos órgãos ambientais competentes, na forma determinada pelo Instituto Estadual de Ambiente (INEA)", diz em nota.

Sobre a salinização da água usada para irrigação, a LLX diz em nota que "possui convênio com a FAPUR (Fundação de Apoio à Pesquisa Científica e Tecnológica) da UFFRJ (Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro) para apoio às atividades agrícolas da região do Açu, no qual é realizado o constante monitoramento das águas do Canal Quitingute e do Canal Andrezza, utilizadas para irrigação de atividades agrícolas no Açu. Os resultados demonstram que a água utilizada para irrigação nos cultivos monitorados na região desde 2007 não sofreu alterações decorrentes das obras de implantação dos empreendimentos".

*Matéria atualizada às 18h00

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