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Poroshenko alerta para ameaça russa e pede apoio militar

Líder ucraniano, que deve se reunir com o presidente Barack Obama, também pediu mais sanções contra a Rússia

O presidente ucraniano, Petro Poroshenko, fala ante o Congresso dos Estados Unidos (Nicholas Kamm/AFP)

O presidente ucraniano, Petro Poroshenko, fala ante o Congresso dos Estados Unidos (Nicholas Kamm/AFP)

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Da Redação

Publicado em 18 de setembro de 2014 às 15h44.

Washington - O presidente ucraniano, Petro Poroshenko, afirmou nesta quinta-feira ante o Congresso dos <strong><a href="https://exame.com.br/topicos/estados-unidos">Estados Unidos</a></strong> que a agressão da <strong><a href="https://exame.com.br/topicos/russia">Rússia</a></strong> contra seu país representa uma ameaça à segurança mundial e pediu mais apoio militar e políticos através de um estatuto de aliado não membro da <strong><a href="https://exame.com.br/topicos/otan">Otan</a></strong>.</p>

"Se não forem freados agora, eles cruzarão as fronteiras europeias e se expandirão por todo o mundo", afirmou, pedindo que Washington e a Europa não abandonem a Ucrânia frente à Rússia.

O líder ucraniano, que deve se reunir com o presidente Barack Obama, também pediu mais sanções contra a Rússia, destacando o "vínculo especial" entre a Ucrânia e os Estados Unidos.

"Levando em conta a situação atual, a democracia da Ucrânia terá de se apoiar em um exército forte. Com isso em mente, recomendo fortemente que os Estados Unidos deem à Ucrânia um estatuto especial de segurança e defesa, que reflita o mais alto nível de interação com um aliado não membro da Otan", afirmou ainda.

Ele também afirmou que a anexação da Crimeia por parte da Rússia como uma da maiores traições da história contemporânea.

"É um dos atos mais cínicos de traição da História moderna", afirmou Poroshenko em seu discurso ante o Congresso, quando foi ovacionado pelos congressistas americanos.

Washington, no entanto, não defende esta proposta relativa à Otan, argumentando que não mudará a situação no país. "Acreditamos que este status não fornecerá nada de novo à Ucrânia, além do que já se beneficia", disse um funcionário americano que preferiu permanecer no anonimato.

Mas a Casa Branca anunciou nesta quinta-feira o desbloqueio de 46 milhões de dólares para ajuda em equipamentos e formação das forças de segurança ucranianas.

Este novo financiamento, que elevará a um total de 116 milhões de dólares as ajudas à Ucrânia em segurança, será para ajudar o país a enfrentar os rebeldes pró-russos, vigiar e reforçar a segurança nas fronteiras e a fazer com que suas forças operem de maneira mais eficaz.

Esta ajuda, que exclui armamento, envolve, em particular, o envio de equipamentos de telecomunicações, radares, coletes à prova de balas, capacetes e uniformes.

A administração de Obama, que também desbloqueou 7 milhões de dólares para ajuda humanitária, exclui o envio de armas a Kiev, exigida por alguns membros do Congresso americano.

"Não há uma solução militar simples, que mediante o envio de certo tipo de equipamento mude o equilíbrio de forças", opinou a mesma fonte.

"O objetivo é melhorar a capacidade de resistência da Ucrânia frente a outras incursões em seu território e, no longo prazo, favorecer a formação e adaptação de suas forças de segurança", acrescentou.

Guerra Fria

Poroshenko advertiu sobre o potencial de uma nova Guerra Fria, mas insinuou que que ainda há uma oportunidade genuína para a paz em curto prazo.

"Estou convencido de que as pessoas na Ucrânia e as pessoas na Rússia têm boa vontade suficiente para dar à paz uma última oportunidade e prevalecer contra o espírito do ódio", destacou.

A Ucrânia acusou nesta quinta-feira a Rússia de mobilizar 4.000 soldados na fronteira entre a Ucrânia e a península da Crimeia, integrada em março ao território russo.

As acusações da Ucrânia foram feitas depois que a Rússia mostrou seu apoio às primeiras concessões políticas concretas de Poroshenko aos separatistas pró-russos para tentar solucionar o conflito no leste da Ucrânia.

"Segundo nossas informações, quase todas as unidades militares da Federação Russa estacionadas no norte da Crimeia ocupada, cerca de 4.000 soldados, foram concentradas na fronteira administrada com a Ucrânia com seus equipamentos e munições", disse à imprensa o porta-voz do Conselho Nacional de Segurança e Defesa, Andrei Lysenko.

O ministro russo da Defesa, Serguei Shoigu, havia anunciado anteriormente que Moscou planejava reforçar seu dispositivo militar na zona da Crimeia devido ao agravamento da crise na Ucrânia e ao aumento de forças estrangeiras perto da fronteira russa.

Kiev teme a criação de uma zona sob controle dos separatistas pró-russos desde a fronteira entre Rússia e Ucrânia, a leste, até a fronteira com a Crimeia, ao sul. Segundo a Otan, a Rússia mobilizaria 20.000 soldados em sua fronteira com a Ucrânia e também contaria com outros 1.000 militares no leste do país.

Os países ocidentais, que adotaram sanções especialmente contra o setor energético e bancário russo, acusam a Rússia de apoiar militarmente os separatistas pró-russos, alegações que Moscou desmente.

Nesse sentido, o presidente russo, Vladimir Putin, indicou nesta quinta-feira que estas sanções violam os princípios da Organização Mundial do Comércio (OMC).

A Comissão Europeia, por sua vez, negou-se a comentar nesta quinta-feira informações da imprensa segundo as quais Putin teria advertido que as tropas russas, se ele quisesse, poderiam "não apenas estar em Kiev em dois dias, mas também em Riga, Vilnius, Tallin, Varsóvia ou Bucareste".

"Não fazemos diplomacia através da imprensa, e não discutimos fragmentos de uma conversa confidencial", indicou a porta-voz da Comissão, Pia Ahrenkilde-Hansen.

O jornal alemão Suddeutsche Zeitung informou nesta quinta-feira que o presidente Poroshenkoo contou ao presidente da Comissão, José Manuel Barroso, na última sexta-feira que Putin fez este comentário em uma conversa recente.

Aproximação com o Ocidente

Após sua eleição como presidente, há cinco meses, Poroshenko multiplica os gestos simbólicos e políticos para ancorar Kiev na Europa e para tentar colocar fim a um conflito com os separatistas pró-russos no leste da Ucrânia, onde mais de 2.900 pessoas morreram em cinco meses.

Nos Estados Unidos, o presidente ucraniano busca obter um status especial de aliado não membro da Aliança Atlântica, uma perspectiva vista com maus olhos por Moscou.

Este encontro crucial com Obama, que representa um novo gesto de aproximação desta ex-república soviética com o Ocidente, ocorre após a ratificação na terça-feira pelo Parlamento ucraniano do Acordo de Associação com a União Europeia.

As leis adotadas na terça-feira, elogiadas por UE, Estados Unidos, OSCE e Moscou, também concretizaram o que havia sido estabelecido no protocolo de Minsk, assinado em 5 de setembro, entre os separatistas e Kiev.

Os parlamentares ucranianos acordaram um status especial para as regiões separatistas de Donetsk e Lugansk, assim como a realização de eleições no dia 7 de dezembro e uma lei de anistia com condições para os combatentes.

Até o momento, os separatistas parecem ter ignorado a mão estendida das autoridades ucranianas, apesar de terem ratificado o acordo de Minsk.

Uma nova rodada de negociações para buscar uma solução para a crise ucraniana irá ocorrer em Minsk na sexta-feira, informou nesta quninta-feira o ministério das Relações Exteriores de Belarus.

Apesar do cessar-fogo alcançado no dia 5 de setembro, os confrontos esporádicos prosseguiam nesta quinta-feira. Três salvas de foguetes Grad, lançadas aparentemente pelo exército ucraniano contra posições rebeldes, caíram na localidade de Zuivka, a leste de Donetsk.

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