Mundo

Por que passageiros do voo MH370 não usaram o celular?

Em tempos de smartphones e redes sociais, surpreende o fato de os passageiros do voo da Malaysia Airlines não terem contactado seus familiares

Crianças observam um avião da Malaysia Airlines: ausência de chamadas ou de e-mails pode ser um indício (Manan Vatsyayana/AFP)

Crianças observam um avião da Malaysia Airlines: ausência de chamadas ou de e-mails pode ser um indício (Manan Vatsyayana/AFP)

DR

Da Redação

Publicado em 22 de março de 2014 às 12h38.

Bangcoc - Em tempos de smartphones e redes sociais, surpreende o fato de os passageiros do voo desaparecido MH370, da Malaysia Airlines, não terem contactado seus familiares, como fizeram os dos atentados de 11 de setembro de 2001.

Após mais de 10 dias de investigação sobre o desaparecimento do Boeing 777 com 239 pessoas a bordo, esta ausência de chamadas ou de e-mails pode ser um indício.

Diante do que se apresenta como um dos maiores mistérios da história da aeronáutica, isto pode indicar que o avião voava alto, ou acima da água, ou que os passageiros ficaram inconscientes, devido, por exemplo, à despressurização da cabine.

Segundo os especialistas, quanto mais perto estivessem de uma rede de telefonia terrestre, maior teria sido a possibilidade de usar seus celulares ou outros aparelhos eletrônicos.

No entanto, muitos são céticos sobre a possibilidade de estabelecer contato telefônico e de mantê-lo em voo e em grande velocidade, em particular em altitude de cruzeiro.

Para estabelecer um contato entre um telefone celular e uma rede ("handshake") é necessário um sinal suficientemente forte de ambas as partes.

Para o consultor de telecomunicações Koh Chee Koon, esta conexão é teoricamente possível se o avião estivesse voando a uma altitude de entre 23.000 pés (7.000 metros) e 45.000 pés depois de ter perdido contato com o controle de tráfego aéreo, como indicam informações não confirmadas.

Mas dada a potência limitada dos celulares comuns, e o obstáculo que significa o interior do avião, "é preciso ter sorte" para conseguir uma conexão de qualidade aceitável.

Os aviões utilizados nos atentados de 11 de setembro de 2001 nos Estados Unidos voavam a uma altura relativamente reduzida, abaixo de uma zona coberta por redes de telefonia móvel.

Além disso, a maioria das chamadas teriam sido realizadas a partir dos telefones a bordo, e não de celulares.

Algumas companhias aéreas permitiram recentemente o uso de telefones celulares no voo, graças à instalação de uma rede dentro da aeronave. Mas este serviço não estava disponível no voo MH370, segundo a Malaysia Airlines.

Análises de dados telefônicos

Sem este sistema, um telefone celular não pode ser utilizado acima de 500 metros de altura em um avião de linha e não deve estar muito longe de uma torre, segundo A.K. Dewdney, professor de informática da universidade de Ontário ocidental, no Canadá.


"Nenhum telefone celular pode conseguir (se conectar) a um avião no meio do oceano, inclusive em baixa altitude", garante.

Em todo caso, "em uma altitude de cruzeiro normal, nenhum telefone celular pode entrar em contato com a terra firme", insistiu Dewdney, que realiza pesquisas sobre este tema após o 11 de setembro.

O presidente da Malaysia Airlines, Ahmad Jauhari Yahya, explicou na segunda-feira que não havia provas de que nenhum passageiro tivesse tentado telefonar, mas indicou que milhares de dados telefônicos ainda precisam ser analisados.

Os meios de comunicação chineses explicaram que familiares dos passageiros tentaram contactá-los após o desaparecimento do avião e que os telefones haviam tocado.

Mas os especialistas apontam que não significa que os aparelhos tenham funcionado.

Ainda que ninguém tenha tentado telefonar a partir do avião, a análise das tentativas de contato entre uma rede e telefones a bordo, que alguns passageiros poderiam ter deixado ligados, pode fornecer indícios sobre a trajetória do avião após seu desaparecimento.

Mas para rastrear estes "handshakes", os investigadores enfrentam a dificuldade de conhecer cada número de identificação dos telefones de passageiros, assim como os dados de operadoras nos países que podem ter sobrevoado, alguns dos quais, como Mianmar, ainda dispõem de redes embrionárias.

Depois de ter dado meia volta cerca de uma hora após decolar de Kuala Lumpur e de ter atravessado a Malásia, o Boeing provavelmente sobrevoou alguma região coberta por uma rede.

Mas, posteriormente, as possibilidades de "handshakes" dependem da altitude do avião e de sua proximidade com as torres sobrevoadas.

"A polícia rastreia sempre os telefones celulares a partir da última chamada realizada", segundo Ken Dulaney, analista do gabinete de investigações Gartner. Mas apenas é possível se estiverem perto de uma rede.

Acompanhe tudo sobre:acidentes-de-aviaoAviaçãoBoeingEmpresasEmpresas americanasMalásiaMalaysia AirlinesSetor de transporteVoo MH370

Mais de Mundo

Trump escolhe bilionário Scott Bessent para secretário do Tesouro

Partiu, Europa: qual é o país mais barato para visitar no continente

Sem escala 6x1: os países onde as pessoas trabalham apenas 4 dias por semana

Juiz adia indefinidamente sentença de Trump por condenação em caso de suborno de ex-atriz pornô